segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O médium Chico Xavier vai receber uma homenagem especial no Carnaval deste ano. Em uma das alas da escola de samba Unidos do Viradouro, o médium será representado por uma escultura que vai fazer um movimento, como se estivesse psicografando uma mensagem. O setor foi inspirado no filme “Nosso Lar”, do diretor Wágner de Assis, e vai contar com o protagonista da produção, o ator Renato Prieto. A Unidos do viradouro será a  3ª escola a desfilar pelo grupo de acesso do Carnaval carioca, no sábado, dia 5 de março.

Nota de Esclarecimento – Chico Xavier e o Carnaval Carioca

Às Entidades Federativas Estaduais,
Confira a “NOTA DE ESCLARECIMENTO” sobre notícias relacionadas com o carnaval carioca.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Tendo em vista inúmeras manifestações recebidas relacionadas com o anúncio de homenagens que se pretende prestar ao Espiritismo e a Chico Xavier no carnaval carioca, que enfoca a importância da comunicação dos homens com o mundo espiritual, a Federação Espírita Brasileira – FEB informa que tomou conhecimento desse assunto quando da sua publicação, não sendo correta a interpretação de que tenha participado de prévio entendimento.
A FEB esclarece, também, que continua empenhada em promover a difusão da Doutrina Espírita, nos moldes e na forma compatível com os seus princípios doutrinários, com seriedade, dignidade e elevação espiritual.
A FEB esclarece, finalmente, que respeita o direito de todos os que, no uso de sua liberdade de ação, agem no mesmo sentido de colocar a mensagem consoladora e esclarecedora dos ensinos espíritas ao alcance e a serviço de todas as pessoas, onde elas se encontrem, orientando, todavia, para que esse trabalho seja sempre feito preservando os seus valores éticos e doutrinários.
Brasília, 18 de fevereiro de 2011.
Assessoria de Comunicação da FEB

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Lei de Destruição

Christiano Torchi

Desde os tempos remotos, há bilhões de anos, quando os primeiros habitantes do orbe ainda eram animálculos unicelulares, abrigados no seio das águas tépidas dos mares, a saga evolutiva dos seres vivos sempre foi marcada pela constante luta pela sobrevivência, em que duelam dois instintos: o da conservação e o da destruição. Para sustentar a vida, as criaturas precisam de energia, que encontram nos alimentos. Nessa faina, impulsionadas pelo instinto, entredevoram-se mutuamente.

É quando se opera o ciclo de transferência de energia e de nutrientes, que segue numa espiral infinita. Em uma das pontas dessa cadeia estamos nós, que também nos alimentamos dos vegetais e das vísceras dos animais, “nossos irmãos inferiores”.1

Não bastasse isso, os hóspedes da casa planetária têm, ainda, que enfrentar os flagelos naturais que ameaçam a vida e outros valores, causando grande sofrimento. Essa constatação, impactante a princípio, já nos dá uma ideia da faixa evolutiva em que ainda nos situamos,apesar da idade estimada do Planeta em 4,6 bilhões de anos.2

Todavia, os mentores celestes, por meio do Espírito André Luiz, informam que o homem lida com a razão há apenas 40 mil anos, aproximadamente. Assim, cálculos elementares nos levam a concluir que estamos ainda nas primeiras lições da cartilha da vida. Não é sem razão que o comportamento social da criatura humana, blindado com o verniz da civilização, ainda apresenta os atavismos de competição e beligerância:

[...] com o mesmo furioso ímpeto com que o homem de Neandertal aniquilava o companheiro, a golpes de sílex, o homem da atualidade, classificada de gloriosa era das grandes potências, extermina o próprio irmão a tiros de fuzil.3

Por isso, a convivência em sociedade, muitas vezes marcada pela opressão e pela violência de todos os tipos contra o semelhante, é interpretada por algumas pessoas com fundamento no célebre aforismo, cunhado pelo filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), de que “o homem é o lobo do homem”.

Que razões teria a Sabedoria Divina para estabelecer entre os seres vivos, como regra da natureza, a luta pela sobrevivência, a destruição recíproca e a destruição pelos flagelos naturais? Estariam esses princípios em consonância com a bondade e a justiça do Criador? O estudo das Leis Morais reveladas em O Livro dos Espíritos abre uma ampla visão filosófica e científica, baseada na unidade da criação, na imortalidade, na reencarnação e no progresso dos seres, que permite um entendimento melhor dos propósitos superiores da Inteligência Suprema, em que “as aquisições de cada indivíduo resultam da lei do esforço próprio no caminho ilimitado da Criação”4 (Grifo nosso):

[...] Só o conhecimento do princípio espiritual, considerado em sua verdadeira essência, e o da grande lei de unidade, que constitui a harmonia da criação, pode dar ao homem a chave desse mistério e mostrar-lhe a sabedoria providencial e a harmonia, exatamente onde apenas vê uma anomalia e uma contradição.5

O homem começa a perceber que também integra os ecossistemas, tanto que já propugna pela substituição do modelo de desenvolvimento atual, ecologicamente predatório,
socialmente perverso e politicamente injusto, por outro sustentável, que tem por divisa progredir sem destruir.Mas será que é possível progredir sem destruir? Em caso afirmativo, onde estariam os limites éticos da destruição? Destruição, no sentido comum, significa extinção, aniquilamento. Sob o ponto de vista espírita, contudo, a Lei de Destruição é transformação, metamorfose, tendo por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos.

A destruição tem dupla finalidade: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e utilização dos despojos do envoltório exterior que sofre a destruição: [...] É esse equilíbrio dinâmico  baseado em sofisticadas engrenagens que regem a vida e a morte  que assegura a perenidade dos ecossistemas e dos seres vivos que neles existem.6

A parte essencial do ser pensante (elemento inteligente) é distinta do corpo físico e não se destrói com a desintegração deste. Logo, a verdadeira vida, seja do animal, seja do homem, não está no organismo físico. Está no princípio inteligente, que preexiste e sobrevive ao corpo material, que se consome nesse trabalho, ao contrário do Espírito, que sai daquele cada vez mais forte, mais lúcido e mais apto. Enfim, a vida e a morte, dentro do planejamento divino, se apresentam como faces da mesma moeda:

[...] a lei de destruição é, por assim dizer, o complemento do processo evolutivo, visto ser preciso morrer para renascer e passar por milhares de metamorfoses, animando formas corporais gradativamente mais aperfeiçoadas, e é desse modo que, paralelamente, os seres vão passando por estados de consciência cada vez mais lúcidos, até atingir, na espécie humana, o reinado da razão.7

O instinto de destruição coexiste com o de conservação, a título de contrapeso, de equilíbrio, para que a primeira não se dê antes do tempo, visto que toda destruição antecipada constitui obstáculo ao desenvolvimento da inteligência, motivo pelo qual Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir.

Há dois tipos de destruição: a destruição natural e a destruição abusiva. A destruição natural opera-se com o objetivo de manter o equilíbrio dos ecossistemas, como, por exemplo, na morte natural dos corpos pela velhice, nos incêndios naturais das matas que dizimam pragas, na erupção de vulcões, nos terremotos, nas cheias dos rios, que regulam os ciclos de renovação da vida.

Os flagelos naturais que ceifam a vida de milhares de pessoas não constituem meros acidentes da Natureza, uma vez que o globo não está sob a direção de forças cegas. Ninguém sofre sem uma razão justa. Tais fenômenos representam fator de elevação moral, com vistas à felicidade dos indivíduos. Além de favorecerem o desenvolvimento da inteligência ante os desafios, auxiliam o desabrochar dos sentimentos, tais como paciência, resignação, solidariedade e amor ao próximo. Isto é, [...] as comoções do globo são instrumentos de provações coletivas, ríspidas e penosas. Nesses cataclismos, a multidão resgata igualmente os seus crimes de outrora e cada elemento integrante da mesma quita-se do pretérito na pauta dos débitos individuais.8

Já a destruição abusiva, que exprime faces diferentes da violência, é aquela provocada de forma predatória, com fins egoísticos, a pretexto de prover o sustento alimentar ou para satisfazer paixões e necessidades supérfluas, a exemplo do consumismo desenfreado, das caçadas de animais, das touradas. Sem embargo da destruição abusiva, o homem também ofende gravemente a lei divina quando assassina, quando pratica o suicídio e o aborto ilícito, quando provoca guerras etc. Os animais, por terem no instinto um guia seguro, somente destroem para satisfação de suas próprias necessidades, mas o homem, dotado de livre-arbítrio, nem sempre utiliza sua liberdade com sabedoria, sujeitando-se ao princípio de causa e efeito.

As leis divinas são perfeitas! A necessidade de destruição tende a desaparecer, à medida que o homem (Espírito encarnado), pela evolução intelectual e moral, sobrepuja a matéria. À proporção que adquire senso moral, vai desenvolvendo a sensibilidade e tomando aversão à violência. É quando passa a ver no seu semelhante não mais o “lobo”, mas o companheiro necessitado de amparo e de solidariedade. Entretanto, ainda que se despoje dos sentimentos belicosos, o homem, até que desenvolva plenamente o Espírito, sempre estará sujeito aos desafios da luta humana, cuja superação depende do trabalho, do esforço, da experiência e do conhecimento:

[...] Mas, nessa ocasião, a luta, de sangrenta e brutal que era, se torna puramente intelectual. O homem luta contra as dificuldades, não mais contra os seus semelhantes.9

Há, da parte das instituições, grande preocupação com o desequilíbrio ambiental, com o crescimento demográfico e as desigualdades sociais, com a miséria, a criminalidade,
a corrupção. As medidas tópicas, de ordem econômica, tecnológica, muitas delas com a utilização da força bruta, não alcançam as verdadeiras causas do problema, que estão na ausência de educação moral do Espírito, educação essa que deve iniciar desde a infância como forma preventiva.

É possível colher os benefícios de uma vida sóbria, sem necessidade de agir com violência ou de destruir o próximo: “A vida é muito menos uma luta competitiva pela sobrevivência do que um triunfo da cooperação e da criatividade”.10 Que o homem não se iluda: sem dominar a si mesmo, ele jamais dominará a Natureza.

Referências:
1 XAVIER, Francisco C. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 17, it. Os animais – nossos parentes próximos, p. 122.
2 Disponível em: .Acesso em 28/11/ 2010.
3 XAVIER, Francisco C. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 1, p. 18.
4 Idem. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 86.
5 KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Guillon Ribeiro. 52. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 3, it. 20.
6 TRIGUEIRO, André. Espiritismo e ecologia. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. Lei de destruição.
7 CALLIGARIS, Rodolfo. As leis morais. 15. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. A lei da destruição. Apud ROCHA, Cecília (Organizadora). Estudo sistematizado da doutrina espírita. Programa fundamental. Tomo 2. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Módulo 13, rot. 1, p. 99.
8 XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 88.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

 QUANDO O AMOR INSPIRA

"Chamo-me Caridade, sigo o caminho principal que conduz a Deus. Acompanhai-me, pois conheço a meta a que deveis todos visar. Dei esta manhã o meu giro habitual e, com o coração amargurado, venho dizer-vos: - Oh, meus amigos, que de misérias, que de lágrimas, quanto tendes de fazer para secá-las todas!..."

..."Alhures vi, meus amigos, pobres velhos sem trabalho e, em consequência, sem abrigo, presas de todos os sofrimentos da penúria e envergonhados de sua miséria, sem ousarem, eles que nunca mendigaram, implorar a piedade dos transeuntes. Com o coração túmido de compaixão, eu, que nada tenho, me fiz mendiga para eles e vou, por toda a parte, estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e compassivos. Por isso é que aqui venho, meus amigos, e vos digo: - Há por aí desgraçados, em cujas choupanas falta o pão, os fogões se acham sem lume e os leitos sem cobertores. Não vos digo o que deveis fazer; deixo aos vossos corações a iniciativa. Se eu vos ditasse o proceder, nenhum mérito vos traria a vossa boa ação. Digo-vos apenas: - Sou a Caridade e vos estendo as mãos pelos vossos irmãos que sofrem." *37.

"Quando vós perdoardes aos vossos irmãos, não os contenteis com o estender o véu do esquecimento sobre suas faltas, porquanto, as mais das vezes, muito transparente é esse véu para os olhares vossos. Levai-lhes simultaneamente, com o perdão, o amor; fazei por eles o que pediríeis fizesse o vosso Pai Celestial por vós. Substitui a cólera que conspurca, pelo amor que purifica. Pregai, exemplificando, essa caridade ativa, infatigável, que Jesus vos ensinou; pregai-a, como ele o fez durante todo o tempo que esteve, na Terra, visível aos olhos corporais, e como ainda a prega incessantemente, desde que se tornou visível tão somente aos olhos do Espírito. Segui esse modelo divino; caminhai pelas suas pegadas; elas vos conduzirão ao refúgio onde encontrareis o repouso após a luta. Como ele, carregai todos vós as vossas cruzes e sub penosamente, mas com coragem, o vosso calvário, em cujo cimo está a glorificação. *38.


*37. O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, cap. XIII - Comunicação do Espírito de Cárita.
*38. Idem, idem, Cap. X - Comunicação do Espírito de João, bispo de Bordéus.

(De "A tragédia de Santa Maria", de Ivonne A. Pereira, pelo Espírito Bezerra de Menezes).

 Mensagem ao Movimento Espírita

Meus filhos, que Jesus nos abençoe.
Estamos no limiar de uma nova era e no crepúsculo da cultura e da civilização do passado.
Abrem-se-nos as perspectivas de um período novo que vem sendo anunciado através dos evos.
Momento grave este que vivemos no Planeta, quando os valores éticos enobrecidos cedem lugar ao desequilíbrio e às manifestações do primitivismo, que devem desaparecer da estrutura psicológica da criatura humana.
A decadência da ética e a revolução que se apresenta como indispensável para as novas propostas de valorização da criatura humana asfixiam a identidade superior do Espírito, reduzindo-a a escombros que se demoram no letargo das paixões inferiores.
Faz-se-nos imprescindível a coragem da fé, a fim de arrostarmos as conseqüências da luta que nos é imposta para preservação das leis morais exaradas na Doutrina Espírita, restaurando o pensamento pulcro de Jesus.
Momento difícil este, em que a criatura sente-se aturdida, sem parâmetro para selecionar os valores que lhe devem conduzir o comportamento. Instante grave, em que as injunções penosas cerceiam os ideais de enobrecimento, relegando-os a plano secundário. Hora apocalíptica, em que as tentações de alto e de pequeno porte contaminam os menos preocupados com a verdade e os poucos distraídos das responsabilidades mais elevadas. É, também, o do chamamento para a decisão que deve caracterizar aqueles que ouvimos Jesus e nos comprometemos com Ele em regime de totalidade.
Tende cuidado, porque, na hora da demolição das construções antigas e perversas, é possível que muitas edificações enobrecidas sejam postas abaixo pela fúria destruidora. Permanecei vigilantes, porque as provocações da insensatez e as manifestações de agressividade chegar-vos-á às portas do sentimento, perturbando-vos e arrastando-vos a situações lamentáveis, de que vos dareis conta de imediato, porém, tardiamente.
É necessário porfiardes  no dever, abraçando a cruz da renúncia pessoal e deixando-vos levar ao holocausto, para que o gesto estóico transforme-se no momento heróico da nossa doação plena e total.
Jesus, meus filhos, ainda permanece ignorado pela sociedade contemporânea. Jesus das largas caminhadas entre as praias de Cafarnaum e a aldeia da Magdala, das águas tépidas do Genesaré à aridez das altas montanhas da Judéia. Aquele que, por coragem, preferiu perder tudo quanto o mundo pretende oferecer para preservar-se fiel aos valores do Pai, que trazia, a fim de construir o homem do futuro, que vem sendo desenhado há dois mil anos a somente agora se corporifica na sociedade sofrida.
Sabemos que estais cansado do prazer anestesiante, do gozo alucinado, que tem conduzido as multidões às patologias graves do comportamento desequilibrado. Nunca, porém, os estados de consciência alterada facultaram intercâmbio com a vida transcendente em escala poderosa como hoje.
A mediunidade, a serviço do Senhor, tem ampliado os horizontes da Terra, nem sempre exitosamente.
Os ouropéis do mundo, os triunfos enganosos, os aplausos de mentira e os “spotlights” das fanfarronadas humanas têm-se responsabilizado pelo malogro de idealistas que se comprometeram a servir e não suportaram as pressões da governança terrestres nem das posições elevadas do mundo.
Sede vós, aqueles que possais disputar a honra de servir e de passar, ignorados talvez, nunca ignorantes da verdade, desprezados possivelmente, jamais desprezíveis diante da consciência ilibada.
Hoje ou nunca mais, neste momento grave se repetirá o chamado do Senhor para nós. Esta oportunidade definir-nos-á os rumos do futuro e vós prometestes seguir as pegadas de Jesus, fiéis `Revelação Espírita, conforme no-la ofereceu o discípulo fiel, que foi Allan Kardec.
Não há mais tempo para as discussões estéreis nem para as frivolidades das opiniões personalistas em detrimento dos lídimos da fraternidade, do amor e da caridade.
Sede vós os lutadores autênticos, preparadores da era que começa, nesta noite histórica, precedendo a alvorada de luz, de liberdade e de paz.
“Eis que vos mando como ovelhas mansas ao meio de lobos rapaces” – disse Jesus – e estais na Terra como ovelhas mansas, porém decididas, conscientes da vossa responsabilidade.
Não temais, porque somente lobos tombam nas armadilhas de lobos. E, fiéis ao compromisso firmado, chegareis ao país da plenitude, com consciência tranqüila e o coração pacificado, na condição de servos que apenas cumpristes com os vossos deveres.
Que o Senhor nos preserve de nós mesmos e o Seu amor nos coroe a vida, dulcificando-nos a existência.
Muita paz, meus filhos, são os votos que formula o servidor humílimo e paternal de sempre.
BEZERRA

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Acolhimento dos simples

Antonio Cesar Perri de Carvalho
Na trajetória do Movimento Espírita sempre foi muito marcante a ação dos espíritas no atendimento dos socialmente carentes. Esta dedicação contribuiu significativamente para se assegurar a respeitabilidade dos espíritas junto à comunidade, aos poderes públicos e à mídiaTodavia, se historicamente esse é um fato inconteste, a simples observação mais ampla dos frequentadores dos centros espíritas e alguns dados estatísticos sobre o perfil dos espíritas, desde os anos 19901 até esta década,2 apontam para a realidade de que, usualmente, a frequência às reuniões espíritas está concentrada em pessoas da faixa social média e, em algumas regiões, com ligeira tendência para patamares superiores. Ou seja, os integrantes das faixas sociais menos dotadas geralmente comparecem mais como assistidos e, em proporção, são menos representativos até como espíritas declarados.

É chegado o momento de avaliarmos as causas que levam a esse cenário. Quais as razões de o Espiritismo não ter sido efetivamente difundido e/ou não se comunicar mais facilmente entre os mais simples? Por que há poucos, ou inexistem, centros espíritas nos bairros mais periféricos? Sugerimos que sejam analisadas a adequação e a compatibilidade dos centros espíritas para o atendimento da Diretriz 1 do “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012)” onde há a recomendação:

Difundir a Doutrina Espírita, através do seu estudo, da sua divulgação e da sua prática, colocando-a ao alcance e a serviço de todas as pessoas, indistintamente, independentemente de sua condição social, cultural, econômica ou de sua faixa etária.3

Com esse parâmetro, algumas questões sobre o fluxo de pessoas dentro do Centro Espírita merecem reflexões e avaliações: a recepção e o atendimento fraterno aos novatos; os esclarecimentos sobre as atividades da instituição; o real acolhimento, como o enlaçamento fraterno aos frequentadores e colaboradores, propiciando, inclusive, eventuais visitas aos seus lares; orientação e apoio às reuniões de Evangelho no lar; o nível das exposições nas reuniões públicas; o nível e a duração dos cursos oferecidos; as opções de atuação, atendendo-se à diversidade das condições das pessoas que se dispõem a colaborar; o atendimento às necessidades de apoio, orientação e equilíbrio a problemas mediúnicos; a disponibilidade de livros com conteúdo, redação e preço compatíveis com as faixas sociais mais simples, e algumas outras opções que se caracterizam como prática da fraternidade e da caridade de natureza espiritual.

Desde as obras da Codificação, há considerações oportunas sobre o acolhimento e atendimento dos mais simples, como em “Missão dos espíritas”:

Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas
, aos pequenos e simples que a aceitarão [...].4

Há subsídios recentes e interessantes que robustecem a citada orientação de Erasto:

[...] deveríamos refletir em unificação, em termos de família humana, evitando excessos de consagração das elites culturais na Doutrina Espírita, embora necessitemos sustentá-las e cultivá-las com respeitosa atenção, mas nunca em detrimento dos nossos irmãos em Humanidade, que reclamam amparo, socorro, esclarecimento e rumo.
[...] Não consigo entender o Espiritismo, sem Jesus e sem Allan Kardec para todos, a fim de que os nossos princípios alcancem os fins a que se propõem.5
Nós deveremos trabalhar muito pela disciplina na Casa Espírita, mas não podemos olvidar dos sentimentos, tendo em mente que um grande número de neófitos, que busca nossa Casa, é constituído por pessoas muito sofridas, que não encontraram respostas além, e vêm até nós buscando entendimento, cordialidade. Eis uma das funções do Atendimento Fraterno, porque graças a um bom Atendimento Fraterno, a pessoa se sente em casa.6

Avançai no rumo do progresso estendendo, porém, a mão generosa e o coração afável àquele que se encontra na retaguarda, necessitado de carinho e de ensejo iluminativo. Dai-lhe o pão, mas também a luz, na verdade, oferecei a informação doutrinária para demonstrar-lhe quanto vos faz bem esse conhecimento, em face das transformações morais para melhor, que vos impusestes, logrando os primeiros êxitos...7

Esses norteamentos dispõem de recomendações gerais para ações no Centro e no Movimento Espírita nos documentos de trabalho aprovados pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, além do já citado “Plano de Trabalho”, principalmente no capítulo “Atendimento Espiritual no Centro Espírita”, em Orientação ao Centro Espírita8 e no item “Incentivar a criação de Centros Espíritas
em bairros e cidades, quando necessário”, em Orientação aos Órgãos de Unificação.9

Ponderamos também que para esclarecimentos evangélicos à luz do Espiritismo direcionados a
pessoas simples, livros com lições ensinadas pelo Mestre – no estilo de Jesus no Lar –,10 são oportunos para o entendimento da mensagem cristã. Sem qualquer ideia de proselitismo, entendemos que o acolhimento dos simples no ambiente das reuniões espíritas é tarefa de primordial importância nos tempos que vivemos. Lembramos que o Espiritismo está no momento preciso para cumprir seu papel – de consolo, apoio, esclarecimento e contribuição para a libertação espiritual –, notadamente na etapa da grande transição que já vivemos:

[...] o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.11

Referências:
1 CARVALHO, Antonio C. Perri de. Espiritismo e modernidade. Visão de sociedade, família, centro e movimento espíritas. São Paulo: USE, 1996. p. 88-92.
2 IBGE. Perfil das despesas no Brasil. Disponível em: . Acesso em 17/11/2010.
3 PLANO DE TRABALHO PARA O MOVIMENTO ESPÍRITA BRASILEIRO (2007-2012). In: Reformador. ed. esp. ano 125, n. 2.140A, p. 30, jul. 2007.
4 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 20, it. 4.
5 CARVALHO, Antonio C. Perri de. Chico Xavier – O homem e a obra. São Paulo: USE, 1997. p. 80-81.
6 FRANCO, Divaldo P. Conversa fraterna: Divaldo Franco no Conselho Federativo Nacional. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 28.
7 ______. Vivência do amor. Pelo Espírito Bezerra de Menezes. In: Reformador. ed.esp. ano 125, n. 2.138A, p. 37-38, mai. 2007
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