terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O Advogado da Cruz

No mundo antigo, o apelo à Justiça significava a punição com a morte. As dívidas pequeninas representavam cativeiro absoluto. Os vencidos eram atirados nos vales imundos. Arrastavam-se os delinqüentes nos cárceres sem esperança. As dádivas agradáveis aos deuses partiam das mãos ricas e poderosas. Os tiranos cobriam-se de flores, enquanto os miseráveis se trajavam de espinhos.
Mas, um dia, chegou ao mundo o Sublime Advogado dos oprimidos. Não havia, na Terra, lugar para Ele. Resignou-se a alcançar a porta dos homens, através de uma estrebaria singela.
Em breve, porém, restaurava o templo da fé viva, na igreja universal dos corações amantes do bem. Deu vista aos cegos. Curou leprosos e paralíticos. Dignificou o trabalho edificante, exaltou o esforço dos humildes, quebrou as algemas da ignorância, instituiu a fraternidade e o perdão.
Processaram-no, todavia, os homens perversos, à conta de herético, feiticeiro e ladrão.
Depois do insulto, da ironia, da pedrada, conduziram-no ao madeiro destinado aos criminosos comuns.
Ele, que ensinara a Justiça, não se justificou; que salvara a muitos, não se salvou da crucificação; que sabia a verdade, calou-se para não ferir os próprios verdugos.
Desde esse dia, contudo, o Sublime Advogado transformou-se no Advogado da Cruz e, desde o supremo sacrifício, sua voz tornou-se mais alta para os corações humanos. ele, que falava na Palestina, começou a ser ouvido no mundo inteiro; que apenas conversava como o povo de Israel, passou a entender-se com as várias nações do Globo; que somente se dirigia aos homens de pequeno país, passou a orientar os missionários retos de todos os serviços edificantes da Humanidade.
Que importam, pois, nos domínios da Fé, as perseguições da maldade e os ataques da ignorância? A advogado da Cruz continua operando em silêncio e falará, em todos os acontecimentos da Terra, aos que possuam "ouvidos de ouvir".
Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Antologia Mediúnica do Natal. Espíritos Diversos. FEB.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013


03 de Outubro, UMA DATA ESPECIAL.

O dia 03 de Outubro marca uma data importante, pois no ano de 1804, filho de Jean-Baptiste Antoine Rivail e Jeanne Louise Duhamel, voltava as aragens terrenas aquele que recebeu o nome de Hyppolyte Léon Denizard Rivail.
Inquestionável seu contributo a humanidade, não somente como educador, como filósofo de mais alto valor, mas principalmente como codificador de verdadeiro código de liberdade para as massas humanas, o Espiritismo.
Sendo aluno de Pestalozzi, logo cedo despertou suas qualidades intelectuais e humanistas, tanto que o mestre o autorizava a representá-lo quando de sua ausência. Poderíamos o considerar um prodígio, pois com apenas dezoito anos lança seu primeiro livro.
A frente de seu tempo o jovem Rivail dedicava-se a buscar a melhora do sistema de ensino da época. Por mais de trinta anos o professor Rivail iluminou a educação francesa, européia e mundial, todavia foi com cerca de cinquenta anos que ele se dedica aos estudos dos movimentos nascentes de comunicabilidade com os imortais, a partir de 1855 participa de reuniões investigando fenômenos, anotando em cadernos, e em 18 de Abril de 1857 nos oferece "O Livro dos Espíritos" o marco da doutrina nascente, surgia assim Allan kardec.

Discípulo amado do Cristo Kardec soube renunciar a titularidade das obras, pois em verdade sabia que elas provinham do alto;
Mais que um religioso ele foi compreensivo com as várias crenças de humanas;
Despido de ritualística, o pensador anulou a si mesmo para sistematizar um sistema de melhora da humanidade;
Sem pretensão soube aceitar as críticas com o olhar compassivo e imparcial, inclusive dando voz aos críticos;
Destemido, soube encarar a razão sempre comparando os  preceitos científicos com a mensagem espiritista;
Fiel nos ofereceu o Cristo descido da cruz falando diretamente aos nossos corações;
Entusiasta percorreu longas distâncias divulgando e discursando sobre o Espiritismo;
Amoroso se dedicava e recebia o total e importante apoio da esposa Amélie Gabrielle Boudet.
Mais que uma personalidade Kardec se fez fidedigno servo em serviço pela humanidade, nos reaproximando da caridade que ele além de pregar, viveu. Herói anônimo se fez a grande pena a nos instruir para rumarmos para o progresso a que estamos destinados.
Nesse dia em que comemoramos o teu nascimento nos sentimos honrados pela sua luz em nossos corações. O Espiritismo não se chega para os espíritas como uma nova verdade, mas se endereça a todos como um sistema desprovido de preconceitos e imposições para aliar ciência, filosofia e religião nesse caminho sublime da perfeição como lecionou Jesus.
Ave Allan Kardec!!!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

FRATERNIDADE
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”.- Jesus. (João, 13:35.)
Desde a vitória de Constantino, que descerrou ao mundo cristão as portas da hegemonia política, temos ensaiado diversas experiências para demonstrar na Terra a nossa condição de discípulos de Jesus.Organizamos concílios célebres, formulando atrevidas conclusões acerca da natureza de Deus e da Alma, do Universo e da Vida.
Incentivamos guerras arrasadoras que implantaram a miséria e o terror naqueles que não podiam crer pelo diapasão da nossa fé.
Disputamos o sepulcro do Divino Mestre, brandindo a espada mortífera e ateando o fogo devorador.
Criamos comendas e cargos religiosos, distribuindo o veneno e anejando o punhal.
Acendemos fogueiras e erigimos cadafalsos, inventamos suplícios e construímos prisões para quantos discordassem dos nossos pontos de vista.
Estimulamos insurreições que operaram o embate de irmãos contra irmãos, em nome do Senhor que testemunhou na cruz o devotamento à Humanidade inteira.
Edificamos palácios e basílicas, famosos pela suntuosidade e beleza, pretendendo reverenciar-lhe a memória, esquecidos de que ele, em verdade, não possuía uma pedra onde repousar a cabeça.
E, ainda hoje, alimentamos a separação e a discórdia, erguendo trincheiras de incompreensão e animosidade, uns contra os outros, nos variados setores da interpretação.
Entretanto, a palavra do Cristo é insofismável.
Não nos faremos titulares da Boa Nova simplesmente através das atitudes exteriores.
Precisamos, sim, da cultura que aprimora a inteligência, da justiça que sustenta a ordem, do progresso material que enriquece o trabalho e de assembléias que favoreçam o estudo; no entanto, toda a movimentação humana, sem a luz do amor, pode perder-se nas sombras.
Seremos admitidos ao aprendizado do Evangelho, cultivando o Reino de Deus que começa na vida íntima.
Estendamos, assim, a fraternidade pura e simples, amparando-nos mutuamente… Fraternidade que trabalha e ajuda, compreende e perdoa, entre a humildade e o serviço que asseguram a vitória do bem. Atendamo-la, onde estivermos, recordando a palavra do Senhor que afirmou com clareza e segurança: – “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.”

segunda-feira, 8 de julho de 2013

REUNIÕES CRISTÃS
“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas da casa onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus e pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco.” (JOÃO, capítulo 20, versículo 19.)
Desde o dia da ressurreição gloriosa do Cristo, a Humanidade terrena foi considerada digna das relações com a espiritualidade.
O Deuteronômio proibira terminantemente o intercâmbio com os que houvessem partido pelas portas da sepultura, em vista da necessidade de afastar a mente humana de cogitações prematuras. Entretanto, Jesus, assim como suavizara a antiga lei da justiça inflexível com o perdão de um amor sem limites, aliviou as determinações de Moisés, vindo ao encontro dos discípulos saudosos.
Cerradas as portas, para que as vibrações tumultuosas dos adversários gratuitos não perturbassem o coração dos que anelavam o convívio divino, eis que surge o Mestre muito amado, dilatando as esperanças de todos na vida eterna. Desde essa hora inolvidável, estava instituído o movimento de troca, entre o mundo visível e o invisível. A família cristã, em seus vários departamentos, jamais passaria sem o doce alimento de suas reuniões carinhosas e íntimas. Desde então, os discípulos se reuniriam, tanto nos cenáculos de Jerusalém, como nas catacumbas de Roma. E, nos tempos modernos, a essência mais profunda dessas assembléias é sempre a mesma, seja nas igrejas católicas, nos templos protestantes ou nos centros espíritas.
O objetivo é um só: procurar a influenciação dos planos superiores, com a diferença de que, nos ambientes espiritistas, a alma pode saciar-se, com mais abundância, em vôos mais altos, por se conservar afastada de certos prejuízos do dogmatismo e do sacerdócio organizado.

sexta-feira, 7 de junho de 2013



       
TRABALHANDO OS TRABALHADORES


Joana Abranches
Vitória/ES 

     Uma das coisas mais complexas no cotidiano de uma Casa Espírita é administrar as diferenças comportamentais entre os trabalhadores. Aqui e ali, por um motivo ou por outro, pipocam os atritos e melindres, muitas vezes encobertos pelo silêncio em nome da “caridade”, mas evidentes nos olhares atravessados, nos recadinhos indiretos e não raras vezes no afastamento inexplicável daquele companheiro que parecia tão entusiasmado... Quando chega a este ponto é que a guerra de persona, idéias e vibrações já atingiu o seu ponto máximo.

     Não desanimemos. Onde há gente há problemas. Graças a Deus!... Porque onde há gente há também muito trabalho a ser feito e muita oportunidade de crescimento espiritual em contato com o outro. A grande questão é como trabalhar as tais diferenças de forma que, apesar delas, haja uma convivência realmente fraterna e saudável sem prejuízo do trabalho.

     Todos somos diferentes e isso obedece a um propósito Divino. A natureza é assim. Se os iguais se atraem, os diferentes se complementam. Aquilo que para mim é prazeroso e fácil de realizar, já não é para o outro e vice-versa. É preciso apenas saber identificar, respeitar e integrar essas diferenças, abandonando aquele equivocado conceito de uniformidade que robotiza, que exige consenso em nome de uma harmonia questionável e disponibilidade integral em nome da dedicação; Que deixa implícita a exigência de todos rezarmos na mesma cartilha e de estarmos aptos e disponíveis todo o tempo a todo o tipo de tarefa na Casa Espírita se quisermos figurar no rol dos “trabalhadores da última hora”, dos “escolhidos”. Pronto. Já temos aí o esteriótipo criado e “sacramentado”. Quem não se enquadrar está fora.

     Este é o ponto. Os problemas nos Grupos Espíritas acontecem não por causa das diferenças, mas pela nossa inabilidade em trabalhar com elas enquanto trabalhadores e lideranças.

      Lembremos que a diversidade das flores e ramagens é que confere a beleza e harmonia que nos encanta num jardim, mas por trás de tudo está o trabalho do paisagista, que traçou canteiros e reuniu espécies, combinando cores, formas e, sobretudo, considerando os níveis de resistência e fragilidade para dispor a localização
de cada planta. O mesmo se dá na Instituição Espírita. Companheiros com características diversas de personalidade, amadurecimento e aptidão podem estabelecer uma perfeita harmonia em sua diversidade. Mas o “paisagismo” cabe
aos dirigentes.

     Quem não conhece no seu grupo, por exemplo, alguém que se encaixe no perfil trabalhador “Faz-tudo”? Isso mesmo. Ele parece ter mil e uma utilidades. Dinâmico, disponível, ágil, este companheiro pode ser extremamente útil na execução de atividades práticas. Mas não o chame para reuniões de planejamento porque ou não vai comparecer ou vai cochilar. Para ele é um martírio ficar parado.

     Já tem aquele que é o “viajante de plantão”; é aquele companheiro idealista, que sonha, faz projetos para o futuro e de vez em quando chega com uma idéia fantástica que ele jura que foi uma inspiração do mundo espiritual (e não importa de onde venha se for viável e positiva). Excelente para atuar no planejamento, estruturação e reestruturação das atividades, com ele em cena não há acomodação que resista. Está sempre propondo, ousando, criando, buscando alternativas inovadoras para a solução de velhos problemas de uma forma que “ninguém tinha pensado nisso antes...”Mas na hora de desmontar uma mesa... é parafuso pra todo lado e martelada no dedo.

     Ah, e que grupo não tem o “certinho”? Extremamente racional e organizado, tudo ele anota, quantifica, formaliza. Para ele tudo tem que estar “preto no branco”. Quem melhor para atuar na área administrativa? Afinal, registrar, fazer contas, controlar e distribuir recursos na medida certa é com ele mesmo.

     Por outro lado temos o “artista”, aquele que não abre mão do lúdico e está sempre a inserir música, teatro e outras manifestações de arte em todas as atividades. Graças ao seu espírito sensível e talentoso as reuniões comemorativas vão estar salpicadas daquela chama de emoção e entusiasmo tão necessária para reabastecer os ânimos e impulsionar pra frente. Ideal para desenvolver trabalhos que envolvam crianças e jovens,
este companheiro sacode a mesmice, dá aquele toque de motivação e estimula como ninguém a integração fraterna.

     Não poderíamos esquecer ainda do “paizão” ou “mãezona” do grupo. Afetivos, sensíveis, conciliadores, os companheiros com este perfil tem o poder de unir, reunir, apaziguar, conferir um sentido real de família à equipe. Sua habilidade em promover o diálogo e quebrar resistências quando há conflitos é imensa porque falam diretamente ao
coração dos demais. Queridos e respeitados pelo amor e equilíbrio que irradiam, esses irmãos são fundamentais para a manutenção da paz na Instituição. São elementos que, entre outros, podem dar uma contribuição importantíssima nas reuniões de Atendimento Fraterno, pois possuem um elevado grau de afetividade que os dispõe naturalmente a acolher e abraçar os que sofrem.

     Temos ainda o introspectivo, o extrovertido, o estudioso, o afoito, o ponderado, o questionador, o acomodado, o “modernoso”, o conservador e por aí vai. E quem de nós se aventuraria a discorrer sobre a maior ou menor importância deste ou daquele trabalhador, conforme os perfis aqui relacionados?

     Na verdade todos se completam. Todos são insubstituíveis e indispensáveis em suas peculiaridades porque - enquanto não conseguimos ser perfeitos - este é um excelente exercício de aperfeiçoamento, já que é imprescindível aparar as arestas para nos encaixar nesse desafiador quebra cabeças que é formar uma equipe onde somos chamados a trabalhar para nada mais nada menos do que Jesus.

     Quando interiorizamos isto buscamos o entendimento. E quando buscamos o entendimento - olhem só que coisa maravilhosa! – as peças se encaixam. Enquanto uns sonham outros ponderam, enquanto uns planejam outros concretizam, enquanto uns organizam outros adornam, enquanto uns são música outros são livro, enquanto uns são silêncio outros são sonoridade. E assim vamos nós. Trabalhando com as diferenças e assegurando a continuidade da obra. Enquanto isso estamos crescendo, amadurecendo, aprendendo a fazer concessões, a ser voto vencido, a discordar sem “rosnar” e tantos outros exercícios de reforma íntima.

     O grande e real problema é este radicalismo autoritário ainda tão impregnado nas lideranças, que inadvertidamente impõem o enquadramento de seres diferentes em um padrão de comportamento rígido e único.
Todo mundo tem que pensar igual, tem que ter a mesma disponibilidade, senão é sinal de que não se esforçou o suficiente. Alguém aí tem um “esforçômetro”?
     Sim, porque para medir o quanto cada companheiro está se esforçando para dar a sua contribuição, mesmo que aparentemente pequena, precisaríamos de um.

     O segredo é nos valer das diferenças para potencializar o trabalho. Ninguém espere mar de rosas. Impossível não haver conflito onde existe diversidade, imperfeição e forças espirituais contrárias prontas para acionar o estopim do orgulho e da vaidade tão presentes ainda em todos nós. Aqui é aquele companheiro veterano que rejeita as novas idéias dos recém-chegados porque só ele é o detentor absoluto da experiência; ali é outro que chega querendo mudar tudo, desconsiderando aqueles que ali já estavam muito antes da sua chegada construindo o que ele encontrou; Acolá é aquele que quer
colocar o mundo dentro da casa espírita; mais além é aquele outro que quer tirar a casa espírita do mundo... e um sem fim de situações corriqueiras no cotidiano espírita.

     Cabe às lideranças estabelecer um processo de observação e pacificação. Há que se administrar os conflitos para que as relações não sejam abaladas, pois o relacionamento interpessoal é a coluna vertebral da Casa Espírita; se ele está abalado, não se caminha ou se caminha para o caos. E não adianta julgar. Não adianta vir com aquele discurso que o fulano é espírita e deveria agir assim ou assado, porque todos nós
sentimos na pele a dificuldade de sermos na prática tudo o que, teoricamente, sabemos que precisamos ser. Como já dizia o meu velho e sábio avô “muitas pessoas entraram para o Espiritismo,
mas o Espiritismo ainda não entrou nelas”...
 e por falar nisso... Será que o Espiritismo, de verdade, já “entrou” em nós de forma tal que nos confira autoridade para avaliar os demais companheiros como bons ou maus espíritas? Há que se ter a humildade de admitir que todos estamos engatinhando em relação à transformação moral que nos fará o verdadeiro espírita que ainda não somos. Só assim trocaremos o dedo em riste por mãos unidas no mesmo esforço.

     Um eficaz antídoto contra os atritos é promover a avaliação periódica das atividades do grupo. Mas avaliar não é colocar os companheiros no paredão. Avaliar é reunir todos os trabalhadores sistemáticamente, num clima familiar, onde todos são ouvidos de forma democrática e imparcial; é levar a equipe a se debruçar sobre o que está sendo feito, discutir sobre as dificuldades e possibilidades, mantendo, aperfeiçoando ou corrigindo a rota onde for necessário.

     Mas é também urgente repensar as decisões de cima pra baixo. Não raro, a diretoria decide e os demais trabalhadores executam, sem que de alguma forma tenham sido ouvidos enquanto elementos fundamentais para a execução das tarefas. Questionar nem pensar, sob pena de serem incluídos imediatamente no tratamento de desobsessão diante da afirmativa paternalista que ”o nosso irmão está precisando muito de preces...” esta é a pena impiedosa de descredibilização “caridosamente” imputada àqueles que ousam “subverter” a ordem vigente.

     E diante disto a gente se pergunta: Quando é que nós espíritas vamos conseguir estabelecer a diferença entre hierarquia e autoritarismo? Quando é que vamos parar de medir o valor dos companheiros pelos cargos que ocupam ou pelos títulos que ostentam? Quando é que vamos parar, enquanto dirigentes, de usar os trabalhadores enquanto mão de obra passiva para projetos que não são de todos, mas de alguns?   Quando é que vamos parar de tomar questionamentos legítimos como ofensas pessoais e influência de obsessores? Já passou da hora de abandonar tais heranças reacionárias de existências passadas e avançar para a postura simples, respeitosa e justa que
minimamente se espera de uma liderança espírita.

     A saída é um diálogo constante, fraterno e o mais transparente possível, recorrendo a uma conversa amorosa, não só nas reuniões regulares de avaliação, que é o momento certo de refletir sobre o que não anda bem, mas buscando este diálogo no cotidiano da Instituição - em nível individual ou coletivo - sempre que os problemas surgirem.  Omissão por medo de provocar ruptura é um equívoco. Se não criamos coragem de pegar o boi pelos chifres, intervindo junto aos conflitos e divergências quando necessário, estaremos perigosamente contribuindo para que se avolumem. Esconder os
problemas não nos liberta deles, pelo contrário, faz com que ganhem força. E de repente lá estão eles, nas conversas de corredor, nos afastamentos repentinos ou nos debates acalorados em momentos impróprios, determinando de forma totalmente negativa a dinâmica das relações e, consequentemente, da Instituição.

     Poeira acumulada debaixo do tapete leva a uma alergia tal que aos poucos vai tornando impossível a permanência no ambiente, ou seja, se fecharmos os olhos às dificuldades, quando os abrirmos poderemos tristemente constatar o esvaziamento da Casa, de forma literal ou pior: O desencanto, a ausência da fraternidade legítima, a presença pela “obrigatoriedade”de cumprir o compromisso e não pela alegria de estar junto, que é a base de tudo.

     A responsabilidade é grande. Se não quisermos ser “cegos a guiar cegos”, precisamos compreender que conhecimento doutrinário, por si só, não habilita ninguém a estar à frente de Instituições Espíritas. É preciso também muita autocrítica e um mínimo de humildade. Quando convidados a assumir a liderança de nossos grupos, antes devemos nos perguntar se temos perfil para tal, se temos equilíbrio suficiente para atuar como mediadores, aglutinadores, pacificadores, como líderes e não chefes ou donos de coisa alguma, porque senão, ao menor estranhamento vamos ser os primeiros a pegar a nossa malinha e sair por aí atrás do utópico grupo ideal, deixando para
trás companheiros divididos e desnorteados.

     As chances de êxito são infinitamente maiores quando nos dispomos a exercitar esse tal amor, que não é algo tão longínquo quanto podemos supor; que começa se expressando simplesmente pela valorização dos pontos positivos dos companheiros, em detrimento dos negativos que possam ter; que se faz presente no exercício da tolerância, não porque somos bonzinhos e amamos todos os companheiros de forma igual - porque isto não acontece nesse estágio em que nos encontramos - mas porque temos consciência de que todos estamos no mesmo barco em termos de deficiências espirituais e que cada um precisa da tolerância do outro.

     Se não buscarmos nutrir pelos companheiros esse amor possível, vamos continuar brincando de espírita bonzinho e, no fundo, só nos aturando, assim como qualquer profissional no seu ambiente de trabalho. Mas se existir afeto, a gente cede aqui, cede ali ou não cede, porque existem coisas que não dá para transigir, mas diz o que tem que dizer de uma forma sincera, porém amorosa, fraterna e, lembrando Jesus, vamos conversando com o nosso irmão em reservado “e se ele vos entender”, diz o mestre,”então tereis ganho o vosso irmão”.

      Difícil?... Mas quem foi que disse que é fácil evoluir... e que se evolui sem conviver?!?  Pensemos
nisto.  


* Joana Abranches - Assistente Social e Presidente da Sociedade Espírita Amor
Fraterno – Vitória/ES

quinta-feira, 30 de maio de 2013

COMO CONSEGUIR DINHEIRO PARA A DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Alkíndar de Oliveira (São Paulo–SP)
[O texto abaixo faz parte do livro
“Aprimoramento Espírita”, Editora Truffa/2007]

Estamos vivendo um momento de júbilo no movimento espírita: vê-se há anos, no jornal de maior circulação do país, uma coluna periódica assinada por um dos mais renomados espíritas que o Brasil já conheceu. Frise-se: não é um jornal espírita. Fazer uma coluna periódica num jornal espírita é algo fácil e corriqueiro, mas conseguir espaço no jornal comercial de maior  circulação do país, é trabalho  somente para o espírita que sabe fazer acontecer.
        Essa coluna de grande repercussão nacional vêm ao encontro do desejo de Kardec, que em  “Obras Póstumas” – Projeto 1.868, diz “...Uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados, levaria ao mundo inteiro, e até aos lugares mais recuados, o conhecimento das idéias espíritas, faria nascer o desejo de aprofundá-los, e, multiplicando os adeptos, imporia silêncio aos detratores que logo deveriam ceder diante do ascendente da opinião”.

        Percebeu, caro leitor, que Kardec, valorizando a importância da divulgação, reforça a necessidade de “uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados” ? Felizmente, isso está ocorrendo. Estamos divulgando nossa Doutrina no jornal de maior circulação do país.

        Você, caro leitor, talvez esteja perguntando “mas onde está essa coluna espírita, que não  a vejo?” “qual é esse jornal, a Folha de São Paulo? O Estado de São Paulo?”,  “quem é esse renomado colunista espírita?”
        São reflexões coerentes e lógicas. Mas, por mais que você não viu essa coluna espírita em nenhum jornal de grande circulação nacional, a informação acima é verdadeira. Ou melhor, foi verdadeira. É preciso deslocarmo-nos no tempo e no espaço para que essa informação  passe a ser realidade:
Na cidade do Rio de Janeiro, nas últimas décadas  do século XIX, o jornal de maior circulação do país chamava-se “O País” (seria aFolha de São Paulo de hoje). Naquela época Bezerra de Menezes teve, nesse jornal de grande circulação, uma coluna espírita periódica por vários anos seguidos. Era uma coluna  de grande repercussão nacional.
A triste realidade de hoje é que o feito de Bezerra de Menezes não está se repetindo. Não temos mais colunas espíritas periódicas no jornal de maior circulação do país. Será que não está faltando em nosso movimento espírita o  espírito empreendedor de um Bezerra de Menezes, de um Eurípedes Barsanulfo, de um Cairbar Schutel?

        Tive, caro leitor, que utilizar do artifício acima para relembrar, a todos nós espíritas, alguns itens fundamentais para o pleno desenvolvimento do nosso movimento:
a)          Kardec deixou-nos, dentre outras, a missão de divulgarmos o Espiritismo nos jornais de maior circulação do país;
b)          Essa missão, deixada por Kardec, tornou-se realidade em fins do século XIX;
c)           Na atualidade, não estamos cumprindo com a  missão deixada por Kardec..

Além de Kardec, André Luiz, no livro  “Conduta Espírita”, diz “Divulgar em cada programa de rádio, televisão, ou programas outros de expansão doutrinária, conceitos e páginas das obras fundamentais do Espiritismo. A base é indispensável em qualquer edificação”.
        Sobre o mesmo tema – divulgação – diz o espírito Vianna de Carvalho em seu livro  “Reflexões Espíritas”: “Na hora da informática com os seus valiosos recursos, o espírita não se pode marginalizar, sob pretexto pueris, em que se disfarça a timidez, o desamor à causa ou a indiferença pela divulgação...”

        Mas como voltarmos a cumprir com a missão deixada por Kardec? Como passarmos a divulgar, semanalmente, por exemplo, uma coluna periódica no jornal Folha de São Paulo, no Estadão e em outros jornais de grande circulação?
        A resposta todos nós sabemos: somente com muito dinheiro conseguiremos tal intento, pois, inserções periódicas num jornal de grande porte, é um investimento muitíssimo alto (e necessário, se quisermos seguir a orientação passada por Kardec).
Mas como conseguirmos dinheiro, se os espíritas, em relação a esse tema (dinheiro), são extremamente conservadores? Isto é, sabemos que qualquer sugestão de como  conseguirmos dinheiro, que fuja da ineficiência atual, é categoricamente rechaçada.
Como criarmos uma nova ordem, novos procedimentos, para aproveitarmos da força do dinheiro?
        A resposta a essas perguntas é dada pelos Espíritos quando Kardec, no O livro dos Espíritos, na pergunta 932 questionou: “Por que  no mundo, os maus tão freqüentemente sobrepujam os bons em influência?” Resposta dos espíritos: “Pela fraqueza dos bons, os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. quando estes o quiserem dominarão.
        Numa dedução lógica podemos concluir que falta a nós, espíritas, audácia. Precisamos ser audaciosos. No tocante a como arrecadar dinheiro, somos muito de  apenas aperfeiçoar processos que já existem. Isto é erro estratégico. Ao mesmo tempo em que se aperfeiçoa o que precisa ser aperfeiçoado, é preciso dedicar tempo a novas idéias. Quem gasta energia aperfeiçoando apenas os seus processos e produtos, perde o tempo que deveria estar sendo dedicado a novas idéias. Júlio Ribeiro em seu livro “Fazer Acontecer”, Editora Cultura, diz que “alguém pode até aperfeiçoar a vela, deixá-la mais translúcida, deixá-la com maior poder de luminosidade, mas ela nunca substituirá a lâmpada”. Em outras palavras, aperfeiçoar o que deu certo e o que foi bom no passado é - geralmente - perda de tempo. Nós espíritas, em relação, a como arrecadar dinheiro, estamos aperfeiçoando a vela. Esquecemos que estamos na era das lâmpadas!

Quando Herculano Pires disse “Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da terra”, deixou de forma implícita que estamos alongando nossa estrada. Estamos deixando de fazer obras de vulto para a divulgação do Espiritismo. E, em qualquer obra terrena, o dinheiro tem importância especial.
Sem ferir a ótica e a ética espíritas, saber utilizar com inteligência e criatividade dos recursos que nosso mundo oferece, despirmo-nos de preconceitos, sermos audaciosos, conscientizarmo-nos de nossa grande responsabilidade, são as formas de fazermos do Espiritismo o mais importante movimento cultural e espiritual da terra.
E para isto precisamos da força do dinheiro.

Os Centros Espíritas geralmente não têm estrutura financeira para, entre outras coisas, fazerem-se mais presentes na comunidade. Passamos – sem querer – a ser omissos. Essa omissão dos espíritas, essa nossa falta de audácia, propicia espaço para que muitas pessoas ainda acreditem em Adão e Eva, para que muitas pessoas  ainda vejam Deus como um ser antropomorfo, para que muitas pessoas ainda creiam que Deus castiga, para que muitas pessoas ainda valorizem mais o culto exterior do que o culto interior, para que muitas pessoas, como disse André Luiz, valorizem  mais a letra do evangelho do que o evangelho da letra.

Costumo dizer que “ser espírita é a arte de sonhar com um mundo angelical, mas saber viver - sem ferir a ética espírita – num mundo de expiação e provas”.
         Quando fizermos parte de um mundo angelical, ou mesmo de um mundo de regeneração, não precisaremos da força do dinheiro  para levarmos à frente nossos projetos no campo espiritual, mas por enquanto, ele, o dinheiro,  é a ferramenta que Deus nos deu.
No meio espírita, contracenando lado a lado com a pureza doutrinária, há a realidade da dureza monetária.  Ambas implacáveis.
Há uma única forma de acabar com a dureza monetária sem afetar a importância da pureza doutrinária. Essa única forma chama-se CRIATIVIDADE.

Minha sugestão, que é o objetivo principal deste artigo, é que, em seu Centro Espírita, você utilize de uma das melhores ferramentas para aflorar a criatividade, e então implantar novos procedimentos para conseguir dinheiro. Essa ferramenta maravilhosa é denominada Brainstorming.  Mas, o que é Brainstorming?  É uma reunião onde, após o levantamento de um problema (no caso,“como arrecadarmos dinheiro?”), os participantes passam a dar sugestões as mais diversas possíveis visando solução (ou soluções) para o problema.
Os seguintes critérios devem ser obedecidos:
1)         Cada participante tem total liberdade para dar qualquer tipo de idéia.
2)         Nenhuma idéia apresentada pode ser censurada ou ironizada pelos colegas.
3)         Deve-se estimular cada participante a dar o maior número possível de idéias.
4)          Deve-se estimular o participante a dar até mesmo idéias totalmente absurdas. Pois sentindo-se que poderá falar o que quiser (sem ser censurado), o participante utilizará melhor do seu potencial criativo.
5)         Ao término, há avaliação e seleção das idéias apresentadas.
Se for conveniente a avaliação e seleção poderão ser processadas em outra futura reunião. 

        O Brainstorming só funciona se todos os passos acima forem seguidos. Por exemplo, não se pode dizer ao participante (quando ele dá uma idéia aparentemente sem nexo) “Ah! Essa sua idéia é um absurdo” ou “Isso que você sugeriu está totalmente contra os princípios do Espiritismo”. Esses exemplos de intervenções acabam com a criatividade. É preciso estimular o participante a dizer absurdos, pois só assim a mente ficará  totalmente  livre de parâmetros ou paradigmas inibidores da criatividade. Aí, sim,  estimulando que falem coisas absurdas, surgirão novas idéias. Você pode perguntar: “mas se as idéias apresentadas forem de fato absurdas?”, eu respondo “peça para continuarem dando  idéias mais absurdas ainda”. É importante deixar claro que ao final doBrainstorming (vide item 5, acima), ou em outra reunião, haverá a avaliação e a seleção das idéias apresentadas e, então, a equipe terá a oportunidade de não acatar as idéias realmente absurdas.

        Assim procedendo, será que surgirá uma idéia revolucionária, que fará seu Centro Espírita conseguir recursos financeiros suficientes para inserir uma coluna semanal no jornal Folha de São Paulo?
        Bem, a criatividade tem a capacidade de transformar uma possibilidade 0% em possibilidade 100%. É incrível o que  conseguimos se deixarmos a criatividade aflorar. Mas, não dá para dizer que você conseguirá uma idéia que torne  realidade sua coluna semanal no jornal citado. No entanto, também não dá para afirmar que você não conseguirá.
        Mas, como então ter certeza de que é possível conseguir tal publicação semanal?
        A força do dinheiro para publicar uma coluna espírita semanal no jornal Folha de São Paulo ou O Globo ou o Estadão (por exemplo) dependerá da força da união dos espíritas. Com UNIÃO e CRIATIVIDADE a força do dinheiro tornará realidade a missão que Kardec passou para nós.
        A questão é que apareceu aí a expressão a “força da união dos espíritas” e, sejamos sensatos: a união dos espíritas - a tão almejada união – não está no campo do concreto. A união ainda está no campo do idealizado. Levará tempo para essa união concretizar-se. Por isto, a solução, por ora, é cada Centro Espírita fazer bem sua parte. Exijamos de nós antes de exigirmos dos outros.. Sugiro ao dirigente espírita adotar os seguintes procedimentos:
a)         Una-se com o número possível de dirigentes de Centros Espíritas de sua região;
b)         Tenham como meta publicarem uma coluna espírita semanal no jornal de maior circulação de sua região;
c)          Estimule e oriente cada Centro Espírita da região utilizar do Brainstorming para que possam surgir idéias criativas relacionadas com recursos financeiros;
d)         Aplique as idéias criativas e publique uma coluna semanal no maior jornal regional.

Os procedimentos acima são realizáveis, pois, em vez de exigirmos que os principais representantes do movimento espírita do Brasil unam-se para publicar uma coluna semanal no jornal nacional de maior circulação, passamos, pelo exemplo, a fazer regionalmente a nosso parte. E um dia, quando, regionalmente, a maioria dos Centros Espíritas estiver atuando de forma efetiva na divulgação da doutrina, certamente haverá um despertar para a necessidade de ampliar a região de influência e, então, ficará mais fácil a comentada publicação no maior jornal do país.
Lembremo-nos sempre que, melhor do que exigir dos outros, é fazermos bem a nossa parte, assim, pelo exemplo, conseguiremos o objetivo deste artigo: bem utilizar a favor da Doutrina da força do dinheiro.

Currículo do autor: Alkindar de Oliveira, Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil. Juntamente com sua equipe de consultores, tem seu foco de atuação em diversas áreas de treinamento, como  VISÃO SISTÊMICA, CULTURA DO DIÁLOGO, ORATÓRIA, LIDERANÇA, COACHING, RELACIONAMENTO, MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO ESCRITA, COMUNICAÇÃO VERBAL, CRIATIVIDADE, HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE EMPRESARIAL, VENDAS, FINANÇAS, EFICAZ COMUNICAÇÃO INTERNA, NEGOCIAÇÃO, PRODUÇÃO/CHÃO DE FÁBRICA, ETC.
Suas teses e artigos estão expostos em renomados veículos de comunicação, como: as revistas Você S/A e Bons Fluidos, da Editora Abril; revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, Editora Globo; revista “Venda Mais”, Editora Quantum; e os jornaisValor EconômicoO Estado de São Paulo e Jornal do Brasil, etc.