Sondagem sobre o estudo de Livro dos Médiuns
Marta Antunes de Moura, diretora da FEB e coordenadora da Área da Mediunidade das Comissões Regionais do CFN da FEB, comenta o momento dos 150 anos de O Livro dos Médiuns
Reformador: Como se tem desenvolvido a comemoração dos 150 anos de O Livro dos Médiuns?
Marta: Há bastante movimentação e muito entusiasmo por parte dos confrades de todas as Federativas assim como de nossa parte, na FEB. Em todas as reuniões das Comissões Regionais do CFN da FEB, deste ano, ocorreram palestras públicas sobre a efeméride. Contamos com a presença de 400 pessoas (limite físico do local), no Encontro Nacional da Área da Mediunidade, realizado nos dias 23 e 24 de julho, no Rio de Janeiro, na Sede Seccional da FEB, hoje denominada Sede Histórica, justamente para prestar homenagem ao Sesquicentenário de O Livro dos Médiuns. A parte doutrinária do Encontro foi conduzida por Divaldo Pereira Franco, com dois temas:
“150 Anos de O Livro dos Médiuns” (dia 23), e “Prática Mediúnica” (dia 24). A Sede Histórica da FEB foi escolhida para sediar o Encontro porque completa 100 anos de fundação. É uma forma de reverenciar e homenagear os pioneiros do Espiritismo, sobretudo os tradutores da obra de Kardec no Brasil.Mas em todo o País estão ocorrendo inúmeras atividades comemorativas, desde janeiro, data de publicação de O Livro dos Médiuns: palestras, encontros, regionais e estaduais, congressos estaduais, estudo sequencial de O Livro dos Médiuns, artigos para revistas espíritas, informações divulgadas na mídia, falada e escrita etc. Sob o patrocínio da Federação Espírita do Estado de Goiás (FEEGO), os Correios lançaram um selo personalizado. A FEB está publicando, de janeiro a dezembro, em Reformador, artigos sobre conteúdos de O Livro dos Médiuns e estampando nas capas um selo comemorativo.
Monitores e evangelizadores de cursos regulares da FEB, na sua sede em Brasília, estão estudando O Livro dos Médiuns, todos os sábados, das 16 às 17h30.
Reformador: Qual o papel da Área da Mediunidade das Comissões Regionais do CFN da FEB?
Marta: As atividades abrangem dois enfoques principais:
a) Estudo regular da mediunidade no Centro Espírita;
b) Prática mediúnica no Centro Espírita.
Em relação ao estudo regular, procura-se auxiliar a implantação e o desenvolvimento de cursos sequenciais da mediunidade, com base nas orientações do Evangelho de Jesus e nos conhecimentos doutrinários da Codificação Espírita e demais obras com ela sintonizada, utilizando-se métodos que facilitem o aprendizado. O curso da mediunidade é oferecido aos participantes que já possuem noções básicas do Espiritismo. A FEB disponibiliza ao Movimento Espírita um material de estudo que pode (e deve) ser adaptado à realidade da Instituição Espírita. Este material foi construído em parceria
com coordenadores da mediunidade das Federativas espíritas, cujas sugestões foram apresentadas nas reuniões das Comissões Regionais ou, individualmente, em correspondências encaminhadas à FEB. Neste sentido, já foram realizadas duas revisões desse material instrucional, visando melhor adequação às solicitações do Movimento Espírita federativo. No que diz respeito à prática mediúnica, a atenção é voltada para a capacitação continuada dos integrantes da reunião mediúnica e monitores de estudos mediúnicos do Centro Espírita, direcionando ações que tratam da melhoria moral do médium, à luz do Evangelho, e do conhecimento espírita, centrado em Kardec e obras afins.
Reformador: As práticas mediúnicas atuais têm sido coerentes com O Livro dos Médiuns?
Marta: Infelizmente, não muito. Ainda há muita superstição e adoção de práticas contrárias às ensinadas pela Doutrina Espírita. Por outro lado, carece o hábito de leitura em nosso meio. Entretanto, a situação está se modificando, e intenso trabalho tem sido desenvolvido. Com o esforço e a dedicação dos coordenadores da mediunidade nas Federativas observamos que, aos poucos, o quadro está se revertendo e que trabalhadores da mediunidade encontram-se, atualmente, mais esclarecidos.
Reformador: Muitos cursos e apostilas não estariam deixando O Livro dos Médiuns para um plano secundário?
Marta: As apostilas e os cursos de Espiritismo, em geral, só dificultam a leitura completa de O Livro dos Médiuns e das demais obras da Codificação e outros livros espíritas, se a direção do Centro e o coordenador da mediunidade permanecerem desatentos quanto à programação doutrinária de sua Casa Espírita.
O material apostilado fornece visão panorâmica dos assuntos essenciais que o espírita deve conhecer, os quais estão subsidiados não só nas obras básicas, mas também em outras, de seriedade irrepreensível, concedendo dinamismo ao estudo e atendimento a um maior número de pessoas. Mas, em hipótese alguma, as apostilas substituem as obras fundamentais do Espiritismo. Por outro lado, o estudo sequencial de cada obra da Codificação é longo, fato que desestimula o principiante espírita. Assim, seguindo o roteiro doutrinário de O Livro dos Espíritos, cada apostila trabalha temas cujas ideias encontram-se nas diferentes obras da Codificação e, também, em outras de referências, como os livros clássicos do Espiritismo (de Denis, Delanne, Flammarion etc.) e os recebidos mediunicamente por Chico Xavier.
Mas a orientação é que o trabalhador da mediunidade conheça, primeiramente, as obras da Codificação. Conscientes dessa assertiva, muitas instituições espíritas promovem seminários, simpósios e encontros relacionados com o estudo de obras espíritas. Acreditamos, porém, que poderíamos
“enxugar” mais os conteúdos das apostilas.
Reformador: Qual a relação entre O Livro dos Médiuns e as obras da chamada Série André Luiz?
Marta: A relação é coerente e profunda. Cada ponto de O Livro dos Médiuns encontra eco nos ensinamentos transmitidos por André Luiz, que desmistificou a mediunidade, retirando-a do nível do maravilhoso e das manifestações supersticiosas. As suas obras analisam, com seriedade, infindáveis questões relacionadas à faculdade psíquica e à prática mediúnica, o papel que cabe aos médiuns, a importância da atividade mediúnica ser, necessariamente, associada ao conhecimento espírita e à conduta moral ensinada pelo Evangelho. Fornece notáveis contribuições relativas ao processo obsessivo e desobsessivo, demonstrando que nem tudo é mediunidade ou obsessão.
Esclarece sobre a etiologia de doenças mentais e sobre manifestações anímicas. Além do mais, o orientador espiritual nos descortina o mundo dos Espíritos, revelando a realidade pulsante da vida que existe após a morte do corpo físico; o estado de felicidade e infelicidade dos seus habitantes, consequente ao uso do livre-arbítrio; a influência que os desencarnados exercem no cotidiano dos encarnados... Por fim, demonstra com muita propriedade, porque somos, efetivamente, construtores do nosso destino. A obra de André Luiz é leitura obrigatória para quem deseja atuar na área da mediunidade.
Reformador: O que deve ser feito para se estimular o estudo de O Livro dos Médiuns nos centros espíritas?
Marta: Já existem iniciativas a respeito: Conteúdos de O Livro dos Médiuns (e também de O Evangelho segundo o Espiritismo) são estudados em paralelo, ou de forma intercalada, nos cursos regulares de mediunidade. Simpósios e Encontros sobre o Estudo da obra também ocorrem há alguns anos. A propósito, aproveitando o ensejo da comemoração dos “150 Anos de O Livro dos Médiuns”, os integrantes da Reunião das Comissões Regionais, da Área da Mediunidade, firmamos este ano um compromisso de sondar como anda a leitura e o estudo dessa segunda obra publicada por Allan Kardec. A partir dessa sondagem, vamos então, em conjunto, definir um programa que vise o conhecimento e aplicação dos conteúdos indicados nessa obra. É trabalho para os próximos dois anos, no mínimo.