sábado, 31 de dezembro de 2011


HERANÇA PARA 2012
 Hoje são 30 de dezembro de 2011, estamos na antevéspera do ano novo, temos muitas coisas boas para comemorarmos, porém, infelizmente, temos outras tantas a lamentarmos, o descaso de alguns o instinto selvagem de outros e o que é mais inacreditável o desleixo de outros tantos, é nesse sentido que quero falar no momento, lamentando o triste caso que presenciei hoje e que tive a oportunidade de registrar no clicar de uma companheira de boa memória, como era chamada antigamente (Kodak).
Entendemos que nossas Casas Espíritas são locais onde se acolhe fraternalmente, se estuda a Doutrina dos Espíritos, se pratica a caridade e a mediunidade, mas também se deve ter preocupação com o Meio Ambiente, orientando, esclarecendo e construindo uma visão de Saber Ambiental, para que as gerações futuras tenham a visão que nós não temos, a da responsabilidade e do comprometimento com o Meio Ambiente.
Fiz hoje uma volta fotografando locais na periferia da minha amada Cidade Dom Pedrito, onde meus irmãos Pedritenses colocam, inadvertidamente, o resíduo de seus prazeres, gerando, como poderão ver nas fotos um prejuízo gigantesco para a humanidade presente e futura, isso é lamentável e registro aqui com indignação, pois, tenho certeza que não é a população que ali vive, pelo menos não somente, que leva esse lixo todo para ser depositado em lugares que não são apropriados para esse fim, vejam nas fotos que tem lixeiras gigantes e que não estão sendo utilizadas, nem mesmo se dão ao trabalho de colocar o lixo nas mesmas, porque não colocá-lo na frente de suas residências para que o caminhão da coleta o faça?
Um dado da Cruz Vermelha: entre os anos de 1985 e 1996, 5,2 milhões de brasileiros foram afetados por enchentes, secas ou deslizamentos e na década seguinte passou para 12,8 milhões de pessoas. Isso nos leva a meditarmos, não será o momento de fazermos escolhas em favor da vida no seu sentido mais amplo? Transformar problemas em solução, crise em oportunidades? É o mínimo que se espera dos espíritas conscientes e sabedores da realidade da reencarnação, vamos esclarecer, mas também cobrar das autoridades, pois somos cidadãos e como tal fazemos parte da mesma sociedade.

Dom Pedrito, RS, 30 de dezembro de 2011.

Pedro Peçanha
Presidente do CRE6

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

                               E JÁ É ANO NOVO, OUTRA VEZ
 Quando chega, é sempre pleno de esperanças. Espera-se o Ano Novo para começar vida nova, para estabelecer novas metas de vida, propósitos renovados para tantas coisas...

        É comum as pessoas elaborarem suas listas de bons propósitos para o novo ano.

        Mesmo sabendo que o tempo somente existe em função dos movimentos estabelecidos pelo planeta em que nos encontramos, é interessante essa movimentação individual, toda vez que o novo período convencional de um ano reinicia.

        Mas, falando de lista de bons propósitos, já se deu conta que, quase sempre, esquecemos o que listamos?

        Alguns até esquecemos onde guardamos a tal lista, o que  atesta da  pouca disposição em perseguir os itens elencados.

        Ano Novo deve ter um significado especial.

        Embora o tempo seja sempre o mesmo, essa convenção se reveste de importância na medida em que, nos condicionando ao início de uma etapa diferente, renovada, sintamo-nos emulados a uma renovação.

        Renovação de hábitos, de atitudes, como estar mais com a família, reorganizando as horas do trabalho profissional.

        Importar-se mais com os filhos, lembrando-se de não somente indagar se já fizeram a lição, mas participar, olhando, lendo as observações feitas pelos professores nos cadernos, interessando-se pelos conteúdos disciplinares.

        Sair mais com as crianças. não somente para passeios como a praia, a viagem de férias.

        Mas, no dia a dia, um momento para um lanche e uma conversa, uma saída para deliciar-se com um sorvete.

        Outros, para só ficar olhando a carinha lambuzada de chocolate, literalmente afundando-se na taça de sorvete.

        Outros, mais longos, para acompanhar o passo vacilante de quem está aprendendo a andar.

        Uma tarde para um papo com os que já estão preparando a mochila para se retirar do cenário desta vida, quem sabe, nos próximos meses?

        Isto é viver Ano Novo. Sair com amigos, abraçar amigos, sorrir pelo simples prazer de sorrir.

        Trocar e-mails afetuosos, não somente os corriqueiros que envolvam decisões e finanças. Usar o telefone para dar um olá, desejar boa viagem, feliz aniversário!

        Bom, você também pode fazer propósitos de comer menos doces ou diminuir os carboidratos da sua dieta, visando melhor condição de vida ou simplesmente adequar seu peso.

        Também pode pensar em mudar o visual. Quem sabe modificar o corte de cabelo, tentar pentear para outro lado, fazer uma visita ao dentista.

        E é claro, um bom check-up. Porque cuidar da saúde é essencial.

        Bom mesmo é não esquecer de formular propósitos para sua alma.

        Assim, acrescente na lista: estudar mais, ler mais, entender mais o outro, devotar-se a um trabalho voluntário, servir a alguém com alegria e bom ânimo.

        Com certeza, cada um terá outros muitos itens a serem acrescentados à lista.

        Até mesmo coisas simples como alterar os roteiros de idas e vindas do trabalho-lar-escola.

        Ou coisas mais complicadas, como se dispor a pensar um pouco no outro e não exclusivamente em si, no relacionamento a dois.

        Imprescindível, no entanto, é que você coloque a lista à vista, para olhar muitas vezes, durante todo o novo ano.

        Importante que se lembre de lê-la, para ir acompanhando o que já conseguiu e onde ou em que ainda precisa investir mais, insistindo, até a vitória.

        Seja este Ano Novo o ano de concretas realizações na sua vida!

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

          PERMANENTE NATAL           
Ele nasceu em uma estrebaria, oculto aos olhos dos poderosos de Sua época.
Teve Seu nascimento anunciado aos simples, que traziam os corações preparados para O receber.
A orquestra dos céus se fez presente e a ópera dos mensageiros celestiais O anunciou a quem tivesse ouvidos de ouvir.
Jesus! Ninguém que O igualasse.
Alto e belo, chamava a atenção por onde transitasse. Os trigais se dobravam à Sua passagem e os ventos iam à frente, anunciando-Lhe a chegada.
Por onde passou, deixou indelével o Seu perfume. Não conduzia guerreiros, nem serviçais pomposos.
A voz do povo O anunciava e Seus cantos chegavam aos ouvidos de todos, mesmo daqueles que pretendiam se fazerem surdos.
Sua mensagem atingia os corações e, como hábil agricultor, semeou a esperança e a fé nos terrenos mais áridos.
Rei das estrelas e Governador do Mundo, fez-Se simples e evidenciou à saciedade a importância das coisas pequenas, dos serviços humildes.
Ele próprio serviu na carpintaria, modelando formas na madeira. E, mais tarde, servindo-Se de  uma toalha e água, lavou os pés dos Seus apóstolos.
Tomou de um grão de mostarda e o fez símbolo da fé que move montanhas.
Utilizou-Se da água pura, jorrada das fontes cristalinas, para falar da água que sacia a sede para todo o sempre.
Tomou do pão e o multiplicou, simbolizando a doação da fraternidade que atende o irmão onde esteja, e com ele reparte o pouco que tem.
Falou de tesouros ocultos e  de moedas perdidas. Recordou das profissões menos lembradas e as utilizou como exemplo, Ele mesmo denominando-Se o Bom Pastor, que conhece as Suas ovelhas.
Ninguém jamais O superou na poesia, na profundidade do ensino, na doce entonação da voz, cantando o poema das bem-aventuranças, no palco sublime da natureza.
Simples, mostrava Sua sabedoria em cada detalhe, exemplificando que os grandes não necessitam de ninguém que os adjetive, senão sua própria condição.
Conviveu com os pobres, os deserdados, os considerados párias da sociedade, tanto quanto visitou e privou da amizade de senhores amoedados e de poder.
Sempre nobre, porém simples e humilde.
Agora, que o Natal canta alegrias aos corações, mais do que nunca, se pode ouvir-Lhe a voz doce, convidando ao amor.
E, por isso mesmo, as criaturas se movimentam de forma mais intensa e se doam. São brindes, presentes, alimentos e agasalhos.
É o próprio ser que esquece de si e se doa. Doa as horas do seu dia. Com um sorriso nos lábios, abre os braços e agasalha o outro no próprio coração.
Depõem-se as armas. Silenciam-se os combates. Faz-se paz nos campos de batalha da intimidade e do Mundo.
Tudo porque o aniversário Dele se aproxima. E, embora ainda infantis na arte de amar, todos podemos sentir que Ele se faz mais presente, porque abrimos o nosso cofre do sentimento e Lhe permitimos penetrar.
São dias de felicidade os que vivemos no Natal. Tudo em nome de um Homem e de Sua mensagem.
*    *   *
Ah, Jesus! Como seria bom se, de uma vez para sempre, todos pudéssemos Te entender e fazer Natal permanente em nossas vidas.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita Especial
de Natal, v. 15 e no  livro Momento Espírita, v. 7, ed. Fep.
Em 31.01.2010.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

COM AMOR
          “Jesus veio até nós a fim de ensinar-nos, acima de tudo, que o amor é o caminho para a Vida Abundante”. ( Emmanuel, no Livro “Fonte Viva”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, item 67)

          A vida que vivemos não é diferente daquela que todos vivem. A dor campeia à solta, a aflição fere nossos sonhos, a sombra desafia a luz tentando apagar-lhe o brilho, a enfermidade promove o desconforto das criaturas, a violência provoca tragédias, a preguiça faz nascer a carência, a solidão arrasta ao desespero. Assim caminha o homem, sofrendo muito, mas desejando ardentemente o seu bem-estar.
          Jesus, o Amigo Divino, em oportunidades múltiplas ensinou-nos, com insistência, que somente o amor será capaz de erguer a criatura humana, tirando-a dos vales escabrosos da ignorância para os cumes iluminados da grandeza espiritual. E, essa tarefa hercúlea, precisa da ação forte e determinada dos seres humanos que se convenceram da oportunidade, valor e necessidade das indiscutíveis lições do Cristo.
          Assim, tendo conhecimento de que o egoísmo é a maior chaga da humanidade e o orgulho, como sendo outra não menos avassaladora, será preciso deitar demoradas reflexões, buscando com avidez os recursos do amor, esse sentimento que supera tudo e abre caminho para a vida abundante.
          Com amor, teremos forças para calar diante de uma agressão, compreendendo que aquele que ofende e esparrama a discórdia, no fundo, é alguém que por si só já sofre o bastante.
          Com amor, conseguiremos ampliar nossa paciência, objetivando socorrer quem Deus confiou à nossa guarda.
          Com amor, obteremos mais forças, coragem e determinação, ante as naturais dificuldades da vida, aquelas que desafiam as nossas pretensões e fazem amadurecer nossos sentimentos, como o calor do fogo tempera a resistência do ferro.
          Com amor, trabalharemos um tanto mais pela implantação do reino de Deus na Terra, mesmo sabendo que essa tarefa não é fácil e nem se realizará tão cedo, pois há dois mil anos foi iniciada por Jesus e até o presente momento ainda não chegou ao final.
          Com amor, seremos sensíveis às causas sociais, observando em cada criança, jovem , adulto ou idoso que esteja fora do contexto social, um irmão a ser auxiliado, atendido e respeitado.
          Com amor, não teremos dificuldades em entender que enquanto existir uma única pessoa, seguindo pelos caminhos do desequilíbrio, a paz que sonhamos e a felicidade que buscamos não obteremos, pois que a segurança estará ameaçada.
          Com amor, compreenderemos a urgente necessidade de caminharmos com o Cristo, não numa contemplação vazia, numa adoração fantasiosa, mas dando verdadeiras amostras do cristianismo praticado, aquele que nasce da humildade, da simplicidade e da real doação de si mesmo, ou seja, que surge da caridade do suor, da caridade do doar-se, muito superior e infinitamente mais valiosa daquela de dar alguma coisa.
          E, não tenhamos qualquer dúvida, todo aquele que grassar o amor na direção dos outros, terá o amor que lhe chegará das esferas superiores da vida, pois que a Lei de Deus é de compensação, conforme apregoou a palavra evangélica: “é dando que se recebe”.

sábado, 3 de dezembro de 2011

RESPEITO E EDUCAÇÃO
           Numa de suas parábolas, o Mestre Jesus colocou: "... bem aventurados os brandos e pacíficos....". Nos dias atuais, poder-se-ia parafrasear: "... bem aventurados os respeitosos e educados...".
Na verdade, as duas frases, em se analisando a sociedade atual, refletem uma grande necessidade: a do respeito e a educação no trato com os semelhantes.
Infelizmente, o egoísmo, o egocentrismo e a prepotência têm prevalecido nas relações societárias. Parece mesmo que o mau proceder se espalha e se insinua cada vez mais.
Vemos comportamentos agressivos e desrespeitosos, no trânsito, na rua, no trabalho, na escola, nos ambientes públicos e, mesmo no lar. Sem sombra de dúvida, isso reflete a falta de educação, entendida aqui como o respeito ao semelhante e a natureza.
Desde o berço, passando pela educação familiar e a educação formal (escolar) e chegando ao comportamento diário, está se deixando de lado a educação para o respeito ao próximo e a seus direitos.
É preciso que se reflita que a falta de educação, no sentido em que aqui está sendo exposta, significa principalmente e acima de tudo, falta de amor. Quem não respeita seu semelhante, efetivamente não o ama, e vice-versa.
Fica fácil perceber, por correlação direta, que educar é ensinar a amar, no caso ensinar-se o amor ao semelhante e a natureza.
Pode-se reverter a falta de respeito e educação? Claro que sim. Isso é uma necessidade para que a Sociedade efetivamente evolua e cresça.
E o caminho é o da educação, entendida agora como a facilitação do aprendizado, para que as pessoas, em especial os jovens, incorporem na prática diária o respeito e o amor ao próximo e a natureza.
Essa educação inicia-se e consolida-se em casa, através dos pais, a quem cabe dar limites, orientações e, principalmente, exemplificação. Essa educação deve ser exigida, incentivada e também exemplificada na Escola, em todas as suas etapas e níveis, adequando-se a Legislação para permitir uma maior disciplina, mas também qualificando os Educadores para tal. Essa educação deve ser "cobrada" de si mesmo pela Sociedade, num mecanismo de auto-fiscalização, onde o mau proceder seja denunciado e coibido, e o bem proceder valorizado e elogiado, pelas pessoas, pelos grupos organizados, pela Imprensa e todas as formas de mídia de comunicação. Essa educação passa pelas Religiões, que devem deixar de um pouco de lado o rito e o simbolismo e valorizar a vivência diária, que é onde a Criação Divina se manifesta, nas pessoas e na natureza.
Enfim, é necessário que nos decidamos, como Sociedade e até como Humanidade, por efetivamente buscar a educação, em todos os seus sentidos.
Eduquemo-nos a sermos educados. Em todos os lugares. Em todos os momentos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A LEI DO AMOR
 Um dos pontos mais relevantes a ser entendido sobre a vida é a Lei do Amor. Todo mundo fala, pensa e vive de amor. Cristo disse: "ame ao próximo como a si mesmo; amai vossos inimigos". As religiões certamente garantem que o amor é o caminho do céu, onde todos vivem felizes. O contrário, o ódio é rumo certo para o inferno, lugar de trevas. Uma pessoa muito feliz se encontra em estado de amor.  Muitas vezes encontra o amor em outra pessoa. É a paixão explodindo em seu coração. De repente tudo parece mudar. Será que o amor tem fim? Há um limite e um tempo para amar? Não, amor existe no ser humano e em todas as coisas na natureza. Um rio, uma mata, um animal, uma nuvem, uma chuva, um objeto, etc, etc. Mas as formas de amar são infinitamente diferentes de um ser para outro. Há pessoas que amam sensivelmente outras pessoas, enquanto outras as odeiam. Para uns uma borboleta pode não significar nada, para outros há um envolvimento essencialmente amoroso. Isso observamos em tudo. Como definir o certo e o errado nisso tudo? Não me atrevo jamais a tentar responder uma questão dessa complexidade. Mas usar nossa razão em qualquer situação pode ser útil.

Realmente o amor é sentimento ímpar. Algo inimaginável, surpreendente, muito acima de tudo o que podemos sentir no momento. A própria vida, essência de tudo, não seria possível caso Deus não houvesse definido a Lei do Amor. Em cada ser espiritual, o Criador inclui a centelha do amor capaz de promover o equilíbrio necessário à manutenção da harmonia universal em todos os sentidos. Isso permite a cada um viver rumo ao infinito caminho da evolução do bem comum. Rumo a felicidade eterna, e conseqüentemente, a manutenção da organização celestial em torno da vida. Nesse caminho, a cada dia, aperfeiçoamos o amor e atingimos momentos felizes. Amor e felicidade caminham juntos. Amor é a causa, felicidade o efeito. Ninguém é infeliz por natureza. A infelicidade momentânea é processo doloroso, sofrimento árduo, que só o amor é capaz de libertá-lo. Amor é solidariedade, fraternidade.  É a verdadeira caridade. Com seu aprimoramento, os laços de afinidades se unem e os momentos felizes se tornam mais e maiores.

Sem esse processo, se pudesse existir uma sociedade com a ausência total da centelha do amor, ou seja, uma comunidade existindo sob a Lei do ódio, egoísmo, vaidade, onde os mais fortes predominariam sobre os mais fracos, tudo caminharia para a destruição, o caos e o nada. Mesmo em locais onde habitam espíritos de níveis de evolução muito inferiores, há a atuação de espíritos de ordem mais avançada no gerenciamento da existência da vida. A centelha do amor presente em todo o universo é, portanto, fruto da perfeição da criação Divina.

Com a formação do Espírito, Deus o torna parte da sua criação universal e recebe a chama do próprio Criador (O AMOR), para trabalhar na construção da vida, gerando a harmonia, o equilíbrio e a adequada Lei da Existência. Cabe a ele se desenvolver, ao longo de uma caminhada infinita, contribuindo com o Criador no arranjo das necessidades para o aprimoramento rumo a perfeição. Mas muito grande é essa jornada e graças a Lei do amor é possível crescer numa velocidade conforme a sua própria vontade, ou seja, seu próprio livre-arbítrio. Quanto mais se avança na evolução espiritual, mais aumenta a sua participação no equilíbrio da criação e maior é o convívio num ambiente feliz. Isso significa conforto e satisfação pessoal cada vez maior.

A Lei do amor é, portanto, a essência de tudo. Como tirar o melhor proveito dessa Lei? É preciso um esforço indescritível de cada um no seu aprimoramento pessoal, buscando amar a todas as coisas. "Conhece-te a ti mesmo". É o diagnóstico do Ser. Como estou? O que desejo? Sou o que sou, melhor do que fui e serei melhor do que sou. O tamanho do passo seguinte depende do passo anterior...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

 DUALIDADE DO BEM E DO MAL
Um velho koan Zen-Budista narra que um homem muito avarento recebeu, oportunamente, a visita de um mestre.
O sábio, depois de saudá-lo, perguntou-lhe: - Se eu fechar a minha mão para sempre, não a abrindo nun­ca, como te parecerá?
o avaro respondeu-lhe sem titubear: - Deforma­da.
Muito bem, prosseguiu o interlocutor: - E se eu a abrir para sempre, como a verás?
- Igualmente deformada - redargüiu, o anfitrião.
O homem nobre concluiu, informando-o: - Se en­tenderes isso, serás um rico feliz.
Depois que se foi, o anfitrião começou a meditar e, a partir daí, passou a repartir com os necessitados, aqui­lo que lhe parecia excedente, tornando-se generoso.
Todos os opostos, afirma o antigo koan, bem e mal, ter e não ter, ganhar e perder, eu e os outros, dividem a mente. Quando são aceitos, afastam as pessoas da mente original, sucumbindo ao dualismo.
A sabedoria, concluiu a narração sintética, está no meio, no Zen, que é o caminho.
A dualidade sempre esteve presente no ser huma­no, desde o momento em que ele começou a pensar, desenvolvendo a capacidade de discernir. Os opostos têm-lhe constituído desafios para a consciência, que deve eleger o que lhe é melhor, em detrimento daquilo que lhe é pernicioso, perturbador, gerador de conflitos.
Não poucas vezes, por imaturidade, toma decisões compulsivas e derrapa em estados de perturbação, demarcando fronteiras e evitando atravessá-las, assim  
perdendo contato com as possibilidades existentes em ambos os lados, que podem auxiliar na definição de rumos. Essa definição, no entanto, não pode ser cercea­dora das vivências educativas, produtoras. Devem ca­racterizar-se pela eleição natural do roteiro a seguir, de maneira que nenhuma forma de tormento pelo não ex­perimentado passe a gerar frustração.
A experiência ensina a conquistar os valores legíti­mos, aqueles que propiciam a evolução, facultando, na análise dos contrários, a opção pelo que constitui estí­mulo ao crescimento, sem que gere danos para o pró­prio indivíduo, para o meio onde se encontra, para ou­trem. Somente assim, é possível a aquisição do com­portamento ideal, propiciador de paz, porque não traz, no seu bojo, qualquer proposta conflitiva.
Do ponto de vista ético, definem os dicionaristas, o bem é a qualidade atribuida a ações e a obras huma­nas que lhes confere um caráter moral. (Esta qualida­de se anuncia através de fatores subjetivos - o senti­mento de aprovação, o sentimento de dever - que le­vam à busca e à definição de um fundamento que os possa explicar.)
O mal é tudo aquilo que se apresenta negativo e de feição perniciosa, que deixa marcas perturbadoras e afugentes.
Na sua origem, o ser não possui a consciência do bem nem do mal. Vivendo sob a injunção do instinto, é levado a preservar a sobrevivência, a reprodução, atu­ando por automatismos, que irão abrindo-lhe espaços para os diferenciados patamares do conhecimento, do pensamento, da faculdade de discernir.
A seleção do que deve em relação ao que não deve realizar dá-se mediante a sensação da dor física, depois emocional, mais tarde de caráter moral, ascendendo na escala dos valores éticos. Percebe que nem tudo quanto lhe é lícito executar, pode fazê-lo, assim realizando o que lhe é de melhor, no sentido de descobrir os resulta­dos, porqüanto aquilo que lhe é facultado, não poucas vezes fere os direitos do próximo, da vida em si mes­ma, quanto da sua realidade espiritual.
Essa percepção torna-se a presença da capacidade de eleger o bem em detrimento do mal. Faz-se a reali­dade livre da sombra; o avanço psicológico sem trau­ma, a ausência de retentivas na retaguarda.
Embora haja o bem social, o de natureza legal, aquele que muda de conceito conforme os valores éticos estabelecidos geográfica ou genericamente, pai­ra, soberano, o Bem transcendental, que o tempo não altera, as situações políticas não modificam, as cir­cunstâncias não confundem. É aquele que está ins­crito na consciência de todos os seres pensantes que, não obstante, muitas vezes, anestesiem-no, perma­nece e se impõe oportunamente, convidando o in­frator à recomposição do equilíbrio, ao refazimento da ação.
O mal, remanescente dos instintos agressivos, pre­domina enquanto a razão deles não se liberta, sob a dominação arbitrária do ego, que elabora interesses hedonistas, pessoais, impondo-se em detrimento de todas as demais pessoas e circunstâncias.
O seu ferrete é tão especial que, à medida que fere quantos se lhe acercam, termina por dilacerar aquele que se lhe entrega ao domínio, tombando, exaurido, pelo caminho do seu falso triunfo.
O ser humano foi criado à imagem de Deus, isto é, fadado à perfeição, superando os impositivos do trânsito evolutivo, nessa marcha inexorável a que se encon­tra compelido.
Possuindo os atributos da beleza, da harmonia, da felicidade, do amor, deve romper, a pouco e pouco, a casca que o envolve - herança do período primário por onde tem que passar - a fim de desenvolver as apti­dões adormecidas, que lhe servem temporariamente de obstáculo a esses tesouros imarcescíveis.
O Bem pode ser personificado no amor, enquanto o mal pode ser apresentado como sendo-lhe a ausên­cia.
Tudo aquilo que promove e eleva o ser, aumentan­do-lhe a capacidade de viver em harmonia com a vida, prolongá-la, torná-la edificante, é expressão do Bem. Entretanto, tudo quanto conspira contra a sua eleva­ção, o seu crescimento e os valores éticos já logrados pela Humanidade, é o mal.
O mal, todavia, é de duração efêmera, porque re­sultado de uma etapa do processo evolutivo, enquanto o Bem é a fatalidade última reservada a todos os indi­víduos, que se não poderão furtar desse destino, mes­mo quando o posterguem por algum tempo, jamais o conseguindo definitivamente.
Eis porque o ser tem a tendência inevitável de bus­car o amor, de entregar-se-lhe, de fruí-lo.
Encarcerado no egoísmo e acostumado às buscas externas, recorre aos expedientes do prazer pessoal, em vãs tentativas de desfrutar as benesses que dele decorrem, tombando na exaustão dos sentidos ou na frustração dos engodos que se permite.
Oportunamente um aprendiz indagou ao seu mes­tre: - Dize-nos o que é o amor.
- E o sábio, após ligeira reflexão, redargüiu com um sorriso:
- Nós somos o amor.
Esse sentimento que temos todos os seres viventes expressa o Supremo Bem, que nos cumpre buscar, em­bora estejamos na faixa da libertação da ignorância, errando, ainda praticando o mal temporário por falta da experiência evolutiva, que nos junge às sensações, em detrimento das emoções superiores que alcançare­mos.
Há uma tendência para a experiência do Bem, face à paz e à beleza interior que se experimenta, constitu­indo-se um grande desafio ao pensamento psicológico estabelecer realmente o que é de melhor para o ser hu­mano, graças aos impositivos dos instintos que prome­tem gozo, enquanto que a sua libertação, às vezes, do­lorosa, em catarse de lágrimas, proporciona em plenitude.
A terapia do Bem - essa eleição dos valores éticos que propiciam paz de consciência - constitui proposta excelente para a área da saúde emocional e psíquica, conseqüentemente, também física dos seres humanos, que não deve ser desconsiderada.
A medida que se amplia o desenvolvimento psico­lógico, seu amadurecimento, são eliminadas as distân­cias entre o eu e os outros, superando o mal pelo bem natural, suas ações de fraternidade e de compreensão dos diferentes níveis de transição moral, compreenden­do-se que o mal que a muitos aflige, por eles mesmos buscado, transforma-se na sua lição de vida.
Eis porque é necessária a terapia da realização edi­ficante, produzindo sempre em favor de si mesmo, do próximo e do meio ambiente, evitando qualquer tenta
tiva de destruição, de perturbação, de desequilíbrio.
Por isso, não realizar o bem é fazer-se a si mesmo um grande mal. Dificultar-se a ascensão, é forma de comprazer-se na vulgaridade, na desdita, assumindo um comportamento masoquista, no qual se sente valo­rizado.
Certamente, nem todos os indivíduos conseguem de imediato uma mudança de conduta mental, por­tanto, emocional, da patologia em que se encarcera, para viver a liberdade de ser feliz. Isso exige um esforço her­cúleo que, normalmente, o paciente não envida. Acre­dita que a simples assistência psicológica irá resolver-lhe os estados interiores que o agradam, quase que a passo de mágica, transferindo para o psicoterapeuta a tarefa que lhe compete desenvolver.
Para esse cometimento, o do reequilíbrio, a assis­tência especializada é indispensável, somada à contri­buição de um grupo de apoio e ao interesse dele pró­prio para conseguir a meta a que se propõe.
A religião bem orientada, pelo conteúdo psicológi­co de que se reveste, desempenha um papel de alta re­levância em favor do equilíbrio de cada pessoa e, por extensão, do conjunto social, no qual se encontra loca­lizada.
A religião que se fundamenta, no entanto, na con­duta científica de comprovação dos seus ensinamen­tos, que documenta a realidade do Espírito imortal e a sua transitoriedade nos acontecimentos do corpo, como é o caso do Espiritismo, melhores condições possui para auxiliá-la na escolha do caminho a trilhar com os pró­prios pés, propondo-lhe renovação interior e adesão natural aos princípios que promovem a vida, que a dig­nificam, portanto, que representam o Bem.
Por outro lado, proporciona-lhe uma conduta res­ponsável, esclarecendo-a que cada qual é responsável pelos atos que executa, sendo semeadora e colhedora de resultados, cabendo-lhe sempre enfrentar os desafi­os de superar-se, porque toda conquista valiosa é re­sultado do esforço daquele que a consegue. Nada exis­te que não haja sido resultado de laborioso esforço.
Ainda mais, faculta-lhe o entendimento de como funcionam as Leis da Vida, em cuja vigência todos os seres somos participantes, sem exceção, cada qual res­pondendo de acordo com o seu nível de consciência, o seu grau de pensamento, as suas intenções intelecto-morais.
Abre, ademais, um elenco de novas informações que a capacitam para a luta em prol da saúde, expli­cando-lhe que existe um intercâmbio mental e espiritu­al entre as criaturas que habitam os dois planos do mundo: o espiritual ou da energia pensante e o físico ou da condensação material.
A morte do corpo, não extinguindo o ser, apenas altera-lhe a compleição molecular, mantendo-lhe, não obstante, os valores intrínsecos à sua individualidade, o que faculta, muitas vezes, o intercâmbio psíquico.
Quando se trata de alguém cuja existência foi pau­tada em ações elevadas, a influência é agradável, rica de saúde e de harmonia. Quando, porém, foi negativa, inquieta ou doentia, perturbada ou insatisfeita, trans­mite desarmonia, enfermidades, depressões e alucina­ções cruéis, que passam a constituir psicopatologias de classificação muito complexa, na área das obsessões espirituais e de libertação demorada, que exigem mui­to esforço e tenacidade nos propósitos em favor da re­cuperação da saúde.
O Bem, portanto, é o grande antídoto a esse mal, como o é também para quaisquer outros estados per­turbadores e traumáticos da personalidade humana.
Outrossim, a experiência do Bem se dará plena após o trânsito pelas ocorrências do Mal, os insucessos, as perturbações, as reações emocionais conflitivas, que facultam o natural selecionar dos comportamentos agra­dáveis, tranqüilos, que validam o esforço de haver-se optado pelo que é saudável. Caso contrário, a aquisi­ção positiva não se faz total, porque será mais o resul­tado de repressão aos instintos do que superação de­les, graças ao que se pode adquirir virtudes - sentimen­tos bons, conquistas do Bem -, no entanto, perder-se a integridade, a naturalidade do processo de elevação. A pessoa torna-se frustrada por não haver enfrentado as lutas convencionais, evitando-as, ocasionando um sen­timento de culpa, que é, por sua vez, uma oposição à proposta encetada para a vida correta.
A experiência do Bem e do Mal começa na infância diante das atitudes dos pais e dos demais familiares. Por temor a criança obedece, porém, não compreende o que é certo e aquilo que é errado, que lhe querem incutir os genitores, muitas vezes por imposição sem o esclarecimento correspondente para a análise lenta e àassimilação da razão.
Se a criança não consegue entender aquilo que lhe é ministrado e exigido, passa a aceitar a informação por medo de punição, até o momento em que se liberta da imposição, transformando o sentimento em culpa, e temendo reagir pelo ódio ou pelo ressentimento, ou, noutras situações, reprimindo-se, tomba na depressão. O inconsciente, utilizando-se do mecanismo de preser­vação do ego, resolve aceitar o que foi ministrado, pas
sando a insuflar a conduta reta, no entanto, em forma de máscara que oculta a realidade reprimida.
A conquista paulatina do Bem produz equilíbrio e segurança, eliminando as armadilhas do ego, que mais tem interesse em promover-se do que em ser substituí­do pelo valor novo, inabitual no seu comportamento.
Por isso mesmo, o Bem não pode ser repressor, o que é mal, porém, libertador de tudo quanto submete, se impõe, aflige. A sua dominação é suave, não constri­tora, porque passa a ser uma diferente expressão de conduta moral e emocional, dando prosseguimento àassimilação dos valores que foram propostos no perío­do infantil, e que constituem reminiscências agradáveis que ajudam nos procedimentos dos diferentes perío­dos existenciais, na juventude, na idade adulta, na ve­lhice.
Em razão disso, torna-se mais difícil a assimilação e incorporação dos valores do Bem em um adulto acli­matado à agressão, às lutas, nas quais predominou o Mal, houve a sua vitória, os resultados prazerosos do ego, a vitalização dos comportamentos esmagadores, que geraram heróis e poderosos, mas que não escapa­ram das áreas dos conflitos por onde continuam transi­tando.
Somente através da renovação de valores desde cedo é que o Bem triunfará nas criaturas.
Quando adultas, o labor é mais demorado, porque terá que substituir as constrições do ego e, através da reflexão, dos exercícios de meditação e avaliação da conduta, substituir os hábitos enraizados por novos comportamentos compensadores para o eu superior.
Eis porque se pode afirmar que o Bem faz muito bem, enquanto que o Mal faz muito mal. A simples mudança, portanto, de atitude mental do indivíduo en­seja-lhe o encontro com o Bem que irá desenvolver-lhe os sentimentos profundos da sua semelhança com Deus.

AMOR, IMBATÍVEL AMOR
DIVALDO PEREIRA FRANCO

PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÃNGELIS

terça-feira, 8 de novembro de 2011


VIDAS SUCESSIVAS

 "Não te maravilhes de te haver
dito: Necessário vos é nascer de
novo."
Jesus. (JOÃO, 3:7.)

A palavra de Jesus a Nicodemos foi suficientemente clara.
Desviá-la para interpretações descabidas pode ser compreensível no sacerdócio organizado, atento às injunções da luta humana, mas nunca nos espíritos amantes da verdade legítima.
A reencarnação é lei universal.
Sem ela, a existência terrena representaria turbilhão de desordem e injustiça; à luz de seus esclarecimentos, entendemos todos os fenômenos dolorosos do caminho.
O homem ainda não percebeu toda a extensão da misericórdia divina, nos processos de resgate e reajustamento.
Entre os homens, o criminoso é enviado a penas cruéis, seja pela condenação à morte ou aos sofrimentos prolongados.
A Providência, todavia, corrige, amando... Não encaminha os réus a prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros.
Para a Sabedoria Magnânima nem sempre o que errou é um celerado, como nem sempre a vítima é pura e sincera. Deus não vê apenas a maldade que surge à superfície do escândalo; conhece o mecanismo sombrio de todas as circunstâncias que provocaram um crime.
O algoz integral como a vítima integral são desconhecidos do homem; o Pai, contudo, identifica as necessidades de seus filhos e reúne-os, periodicamente, pelos laços de sangue ou na rede dos compromissos edificantes, a fim de que aprendam a lei do amor, entre as dificuldades e as dores do destino, com a bênção de temporário esquecimento.
(Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho, Verdade e Vida.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
16a edição. Lição 110. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996.)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

  ECOLOGIA

É urgente que o movimento espírita absorva e contextualize, à luz da doutrina, os sucessivos relatórios científicos que denunciam a destruição sem precedentes dos recursos naturais não renováveis, no maior desastre ecológico de origem antrópica da história do planeta. Os atuais meios de produção e de consumo precipitaram a humanidade na direção de um impasse civilizatório, onde a maximização dos lucros tem justificado o uso insustentável dos mananciais de água doce, a desertificação do solo, o aquecimento global, a monumental produção de lixo, entre outros efeitos colaterais de um modelo de desenvolvimento “ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto”.

Na pergunta 705 do Livro dos Espíritos, no capítulo que versa sobre a Lei de Conservação, Allan Kardec pergunta: “Porque nem sempre a terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?”, ao que a espiritualidade responde: “É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se” (...).

É evidente que em uma sociedade de consumo, nenhum de nós se contenta apenas com o necessário. A publicidade se encarrega de despertar apetites vorazes de consumo do não necessário - daquilo que é supérfluo, descartável, inessencial - renovando a cada nova campanha a promessa de felicidade que advém da posse de mais um objeto, seja um novo modelo de celular, um carro ou uma roupa. Para nós espíritas, é fundamental que o alerta contra o consumismo seja entendido como uma dupla proteção : ao meio ambiente - que não suporta as crescentes demandas de matéria-prima e energia da sociedade de consumo, onde a natureza é vista como um grande e inesgotável supermercado – e ao nosso espírito imortal, já que, segundo a doutrina espírita, uma das características predominantes dos mundos inferiores da Criação é justamente a atração pela matéria. Nesse sentido, não há distinção entre consumismo e materialismo, e nossa invigilância poderá custar caro ao projeto evolutivo que desejamos encetar . Essa questão é tão crucial para o Espiritismo, que na pergunta 799 do Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta “de que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?”, a resposta é taxativa: “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade.(...)”

Uma das mais prestigiadas organizações não governamentais do mundo, o Worldwatch Institute, com sede em Washington, divulga anualmente o relatório “Estado do Mundo”, uma grande compilação de dados e estudos científicos que revelam os estragos causados pelo atual modelo de desenvolvimento. Na última versão do relatório, referente ao ano de 2004, afirma-se que “o consumismo desenfreado é a maior ameaça à humanidade”. Os pesquisadores do Worldwatch denunciam que “altos níveis de obesidade e dívidas pessoais, menos tempo livre e meio ambiente danificado são sinais de que o consumo excessivo está diminuindo a qualidade de vida de muitas pessoas”.

Aos espíritas que mantém uma atitude comodista diante do cenário descrito nessas breves linhas, escorados talvez na premissa determinista de que tudo se resolverá quando se completar a transição da Terra ( de mundo de expiações e de provas para mundo de regeneração) é bom lembrar do que disse Santo Agostinho no capítulo III do Evangelho Segundo o Espiritismo. Ao descrever o mundo de regeneração, Santo Agostinho diz que mesmo livre das paixões desordenadas, num clima de calma e repouso, a humanidade ainda estará sujeita “às vicissitudes de que não estão isentos senão os seres completamente desmaterializados; há ainda provas a suportar (...) e que “nesses mundos, o homem ainda é falível, e o Espírito do mal não perdeu , ali, completamente o seu império. Não avançar é recuar , e se não está firme no caminho do bem, pode voltar a cair nos mundos de expiação, onde o esperam novas e terríveis provas”. Ou seja, não há mágica no processo evolutivo: nós já somos os construtores do mundo de regeneração, e , se não corrigirmos o rumo na direção do desenvolvimento sustentável, prorrogaremos situações de desconforto já amplamente diagnosticadas.

Não é possível, portanto, esperar a chegada do mundo de regeneração de braços cruzados. Até porque, sem os devidos méritos evolutivos, boa parte de nós deverá retornar à esse mundo pelas portas da reencarnação. Se ainda quisermos encontrar aqui estoques razoáveis de água doce, ar puro, terra fértil, menos lixo e um clima estável - sem os flagelos previstos pela queima crescente de petróleo, gás e carvão que agravam o efeito estufa – deveremos agir agora, sem perda de tempo.

Depois que a ONU decretou que 2003 seria o ano internacional da água doce, os católicos não hesitaram em, pela primeira vez em 40 anos de Campanha da fraternidade, eleger um tema ecológico: “Água: fonte de vida”. Mais de 10 mil paróquias em todo o Brasil foram estimuladas a refletir sobre o desperdício, a poluição e o aspecto sagrado desse recurso fundamental à vida. E nós espíritas? O que fizemos, ou o que pretendemos fazer? O grande Mahatma Gandhi - que afirmou certa vez que toda bela mensagem do cristianismo poderia ser resumida no sermão da montanha – nos serve de exemplo, quando diz “sejamos nós a mudança que nós queremos ver no mundo”.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

 
Como deve proceder o dirigente espírita ante a quantidade de livros mediúnicos de qualidade duvidosa 
 José Raul Teixeira
 
P - Qual deve ser a atitude dos dirigentes espíritas relativamente a essa enxurrada de obras mediúnicas de origem duvidosa, que tem infestado o mercado de publicações espíritas nos últimos tempos? Será que Kardec, no seu tempo, ficaria calado diante dessas obras?

      R - Acredito que num período em que o planeta está vivendo tormentos de todos os tipos, confirmando o que considera Allan Kardec, em seu livro A Gênese, ao afirmar que, hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da Humanidade, não poderia o nosso Movimento Espírita estar livre dessa avalanche atormentadora de más influências, seja de indivíduos aventureiros e insanos ─ que anseiam por vitórias passageiras e/ou lucrativas, sem a necessária consciência do tipo de semente que estão plantando para colheita complexa no porvir ─ seja de entidades desencarnadas que continuam zombando dos esforços da Luz, das Falanges Crísticas, que visam desfazer as sombras que se demoram sobre a Terra.

      Na medida em que os dirigentes espíritas vão se tornando mais lúcidos e, por conseguinte, mais coerentes com os princípios do Espiritismo, conseguem dar-se conta de que qualquer obra que divulguemos em nome da nossa Doutrina deve ter a chancela do bom senso kardequiano. Compreenderão que não vale oferecer ao grande público tudo o que vai surgindo no mercado livresco porque tenha o título de obra mediúnica ou espírita, a fim de obter o tão esperado “lucro”. Primeiro, porque nem tudo o que é mediúnico tem que ser espírita, já que a mediunidade não é patrimônio do Espiritismo. Segundo, porque o critério utilizado pelo Codificador do Espiritismo para a seleção e publicação de textos é bastante rigoroso, indiscutivelmente responsável. Sempre que alguém se põe a publicar e a comercializar produtos sem qualidade genuinamente espírita, no mínimo comete o erro de lesa-verdade espírita, o que ao longo do tempo deve acarretar muitas coisas graves nas mentes dos que as leem sem os necessários filtros do conhecimento dos livros de Kardec.

      Com relação a Allan Kardec, estou certo de que não aceitaria tal fato com a passividade que temos encontrado no nosso Movimento, uma vez que são muitos os dirigentes, nos mais variados níveis de responsabilidades, que não têm coragem de afrontar o status quo vigente nesse campo literário, seja para não terem aborrecimentos e se pouparem das investidas retaliadoras dos interessados na manutenção do que acontece agora, seja porque também não dispõem do necessário senso crítico para ver os elementos antiespíritas ou inverídicos que tais obras contêm.

      É na Revista Espírita, publicada por Kardec no mês de maio de 1863, quando ele faz um exame das comunicações mediúnicas que lhe eram enviadas, que encontramos suas palavras dizendo: Em grande número encontramo-las notoriamente más, no fundo e na forma, evidente produto de Espíritos ignorantes, obsessores ou mistificadores e que juram pelos nomes mais ou menos pomposos que as assinam. Publicá-las teria sido dar armas à crítica. Vemos, assim, que o Codificador do Espiritismo tomava posição e se pronunciava a respeito com a firmeza que o caracterizava.

      Temos lido livros ditos mediúnicos onde são apresentados o chulo da pornografia, das descrições libidinosas, fantasiosas descrições que não suportam o crivo da razão espírita, ao lado de outras coisas sem nexo, sem sentido para o processo de renovação e crescimento da criatura humana, sob a ótica do Consolador. Vejamos o que escreve Kardec no texto supracitado: Para começar convém delas afastar (das massas) tudo quanto, sendo de interesse privado, só interessa àquele que lhe concerne. Depois, tudo quanto é vulgar no estilo e nas ideias, ou pueril pelo assunto. Uma coisa pode ser excelente em si mesma, muito boa para servir de instrução pessoal; mas o que deve ser entregue ao público exige condições especiais. Infelizmente o homem é inclinado a supor que tudo o que lhe agrada deve agradar aos outros. O mais hábil pode enganar-se; tudo está em enganar-se o menos possível. Há Espíritos que se comprazem em alimentar a ilusão em certos médiuns. Por isso nunca seria demais recomendar a estes não confiar em seu próprio julgamento. É nisso que os grupos são úteis: pela multiplicidade de opiniões que podem ser colhidas. Aquele que, neste caso, recusasse a opinião da maioria, julgando-se mais esclarecido que todos, provaria superabundantemente a má influência sob a qual se acha.

      Vale a pena continuar a ler o que nos diz o Codificador, Allan Kardec sobre o tema em apreço: Aplicando estes princípios de ecletismo às comunicações que nos enviaram, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número não há mais de 300 para publicidade, e apenas cem de um mérito inconteste. Essas comunicações vieram de muitos pontos diferentes. Inferimos que a proporção deve ser mais ou menos geral. Por aí pode julgar-se da necessidade de não publicar inconsideradamente tudo quanto vem dos Espíritos, se se quiser atingir o objetivo a que nos propomos, tanto do ponto de vista material quanto do efeito moral e da opinião que os indiferentes possam fazer do Espiritismo.

      Bem entendemos, pois, que Kardec não se acomodaria silenciosamente, como não se acomodou em sua época. Hoje em dia nos deparamos com um espírito acomodatício em nosso Movimento, o que se mostra indicativo do descompromisso de muitos com a grandeza e clareza do Espiritismo, nada obstante continuem ocupando as mais diversas posições nos seus campos de atividades.

       Fonte: Revista Espírita “O Consolador”