segunda-feira, 25 de abril de 2011

 AGRADECENDO
Algo extremamente nobre que o ser humano pode produzir – A gratidão.
Beneficia quem oferta, recompensa quem recebe.
E para que sejamos gratos, um pouco de nostalgia faz bem, relembrar nossa história e aqueles que fizeram parte de nossa vida em determinado momento da existência,  não deixa-nos esquecer do bem que fizeram-nos e das situações que vivenciamos.
Se estamos aqui hoje demos graças a Deus e a nossos pais.
Se recebemos instrução nos orientando as primeiras letras,  demos graças a nossos primeiros professores.
O que falar então dos amigos de infância que nos trouxeram inúmeros momentos de recreação,  fazendo-nos mais felizes e proporcionando-nos as primeiras experiências fora do seio familiar.
Como esquecer de nossos colegas de profissão que nos acolheram e orientaram quando iniciávamos em nova atividade profissional.
E as criticas, as reprimendas que ganhamos de nossos pais, professores, coordenadores, foram elas nossas preciosas mestras, fazendo-nos retomar o caminho do bem quando dele nos afastávamos.
Imagine o que seriamos  hoje se não nos colocassem limites mostrando-nos que nosso direito vai até onde começa o do próximo, pode ser que na época tenhamos nos melindrado, porém, mais amadurecidos pelas experiências de vida,  damo-nos conta de que criticas, reprimendas, fizeram-nos enorme bem auxiliando-nos a moldar valores que jamais perderemos.
Cada ser humano que passa pela nossa vida é motivo de eterno agradecimento, porquanto,  lega-nos sua peculiaridade, suas lições, sua bagagem de conhecimento, mesmo àqueles que julgamos desnecessário termos conhecido, ou até mesmo que a presença tenha causado-nos sensível embaraço, no futuro agradeceremos pela experiência que nos ensinaram.
Pois a vida é feita de experiências, algumas boas, outras nem tanto, mas em realidade todas são pedagógicas objetivando nos fazer melhorar como seres humanos.
Lembro-me de  amigo que agradecia eternamente pelo desemprego que enfrentara por longos anos de sua vida, dizia ele:
-         Graças a esse tempo de desemprego fui obrigado a refletir no porquê de minha instabilidade profissional,  percebi assim que o problema estava comigo e que minhas atitudes irresponsáveis estavam causando mal a mim e minha família, hoje dou graças a todos que não passaram a mão em minha cabeça, pois a falta de disciplina premia a incoerência e cria  abusos. Graças a todas essas pessoas hoje sou mais responsável, coerente e valorizo realmente o que conquisto.
  O caminho é este mesmo, agradecer, lembrar com carinho das pessoas, dos momentos, das situações, pois são eles nossos professores na estrada da vida, se muito sabemos, se muito conquistamos,  devemos a esse intenso intercâmbio que temos uns com os outros.
Pensemos nisso!

sábado, 23 de abril de 2011

PÁSCOA


Eis-nos, uma vez mais, às vésperas de mais uma Páscoa. Nosso pensamento e nossa emoção, ambos cristãos, manifestam nossa sensibilidade psíquica. Deixando de lado o apelo comercial da data, e o caráter de festividade familiar, a exemplo do Natal, nossa atenção e consciência espíritas requerem uma explicação plausível do significado da data e de sua representação perante o contexto filosófico-científico-moral da Doutrina Espírita.

Deve-se comemorar a Páscoa? Que tipo de celebração, evento ou homenagem é permitida nas instituições espíritas? Como o Espiritismo visualiza o acontecimento da paixão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus? Em linhas gerais, as instituições espíritas não celebram a Páscoa, nem programam situações específicas para “marcar” a data, como fazem as demais religiões ou filosofias “cristãs”. Todavia, o sentimento de religiosidade que é particular de cada ser-Espírito, é, pela Doutrina Espírita, respeitado, de modo que qualquer manifestação pessoal ou, mesmo, coletiva, acerca da Páscoa não é proibida, nem desaconselhada.

O certo é que a figura de Jesus assume posição privilegiada no contexto espírita, dizendo-se, inclusive, que a moral de Jesus serve de base para a moral do Espiritismo. Assim, como as pessoas, via de regra, são lembradas, em nossa cultura, pelo que fizeram e reverenciadas nas datas principais de sua existência corpórea (nascimento e morte), é absolutamente comum e verdadeiro lembrarmo-nos das pessoas que nos são caras ou importantes nestas datas. Não há, francamente, nenhum mal nisso. Mas, como o Espiritismo não tem dogmas, sacramentos, rituais ou liturgias, a forma de encarar a Páscoa (ou a Natividade) de Jesus, assume uma conotação bastante peculiar. Antes de mencionarmos a significação espírita da Páscoa, faz-se necessário buscar, no tempo, na História da Humanidade, as referências ao acontecimento.

A Páscoa, primeiramente, não é, de maneira inicial, relacionada ao martírio e sacrifício de Jesus. Veja-se, por exemplo, no Evangelho de Lucas (cap. 22, versículos 15 e 16), a menção, do próprio Cristo, ao evento: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da minha paixão. Porque vos declaro que não tornarei a comer, até que ela se cumpra no Reino de Deus.” Evidente, aí, a referência de que a Páscoa já era uma “comemoração”, na época de Jesus, uma festa cultural e, portanto, o que fez a Igreja foi “aproveitar-se” do sentido da festa, para adaptá-la, dando-lhe um novo significado, associando-o à “imolação” de Jesus, no pós-julgamento, na execução da sentença de Pilatos.

Historicamente, a Páscoa é a junção de duas festividades muito antigas, comuns entre os povos primitivos, e alimentada pelos judeus, à época de Jesus. Fala-se do “pesah”, uma dança cultural, representando a vida dos povos nômades, numa fase em que a vinculação à terra (com a noção de propriedade) ainda não era flagrante.
Também estava associada à “festa dos ázimos”, uma homenagem que os agricultores sedentários faziam às divindades, em razão do início da época da colheita do trigo, agradecendo aos Céus, pela fartura da produção agrícola, da qual saciavam a fome de suas famílias, e propiciavam as trocas nos mercados da época. Ambas eram comemoradas no mês de abril (nisan) e, a partir do evento bíblico denominado “êxodo” (fuga do povo hebreu do Egito), em torno de 1441 a.C., passaram a ser reverenciadas juntas.
É esta a Páscoa que o Cristo desejou comemorar junto dos seus mais caros, por ocasião da última ceia. Logo após a celebração, foram todos para o Getsêmani, onde os discípulos invigilantes adormeceram, tendo sido o palco do beijo da traição e da prisão do Nazareno.


Mas há outros elementos “evangélicos” que marcam a Páscoa.
Isto porque as vinculações religiosas apontam para a quinta e a sexta-feira santas, o sábado de aleluia e o domingo de páscoa.
Os primeiros relacionam-se ao “martírio”, ao sofrimento de Jesus – tão bem retratado neste último filme hollyodiano (A Paixão de Cristo, segundo Mel Gibson) –, e os últimos, à ressurreição e a ascensão de Jesus.
No que concerne à ressurreição, podemos dizer que a interpretação tradicional aponta para a possibilidade da mantença da estrutura corporal do Cristo, no post-mortem, situação totalmente rechaçada pela ciência, em virtude do apodrecimento e deterioração do envoltório físico.
As Igrejas cristãs insistem na hipótese do Cristo ter “subido aos Céus” em corpo e alma, e fará o mesmo em relação a todos os “eleitos” no chamado “juízo final”. Isto é, pessoas que morreram, pelos séculos afora, cujos corpos já foram decompostos e reaproveitados pela terra, ressurgirão, perfeitos, reconstituindo as estruturas orgânicas, do dia do julgamento, onde o Cristo, separá justos e ímpios.
A lógica e o bom-senso espíritas abominam tal teoria, pela impossibilidade física e pela injustiça moral. Afinal, com a lei dos renascimentos, estabelece-se um critério mais justo para aferir a “competência” ou a “qualificação” de todos os Espíritos.
Com “tantas oportunidades quanto sejam necessárias”, no “nascer de novo”, é possível a todos progredirem. Mas, como explicar, então as “aparições” de Jesus, nos quarenta dias póstumos, mencionadas pelos religiosos na alusão à Páscoa? A fenomenologia espírita (mediúnica) aponta para as manifestações psíquicas descritas como mediunidades. Em algumas ocasiões, como a conversa com Maria de Magdala, que havia ido até o sepulcro para depositar algumas flores e orar, perguntando a Jesus – como se fosse o jardineiro – após ver a lápide removida, “para onde levaram o corpo do Raboni”, podemos estar diante da “materialização”, isto é, a utilização de fluido ectoplásmico – de seres encarnados – para possibilitar que o Espírito seja visto (por todos). Igual circunstância se dá, também, no colóquio de Tomé com os demais discípulos, que já haviam “visto” Jesus, de que ele só acreditaria, se “colocasse as mãos nas chagas do Cristo”.
E isto, em verdade, pelos relatos bíblicos, acontece. Noutras situações, estamos diante de uma outra manifestação psíquica conhecida, a mediunidade de vidência, quando, pelo uso de faculdades mediúnicas, alguém pode ver os Espíritos.
A Páscoa, em verdade, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa. Afinal, acredita-se que Jesus teria padecido em razão dos “nossos” pecados, numa alusão descabida de que todo o sofrimento de Jesus teria sido realizado para “nos salvar”, dos nossos próprios erros, ou dos erros cometidos por nossos ancestrais, em especial, os “bíblicos” Adão e Eva, no Paraíso. A presença do “cordeiro imolado”, que cumpre as profecias do Antigo Testamento, quanto à perseguição e violência contra o “filho de Deus”, está flagrantemente aposta em todas as igrejas, nos crucifixos e nos quadros que relatam – em cores vivas – as fases da via sacra. Esta tradição judaico-cristã da “culpa” é a grande diferença entre a Páscoa tradicional e a Páscoa espírita, se é que esta última existe.
Em verdade, nós espíritas devemos reconhecer a data da Páscoa como a grande – e última lição – de Jesus, que vence as iniqüidades, que retorna triunfante, que prossegue sua cátedra pedagógica, para asseverar que “permaneceria eternamente conosco”, na direção bussolar de nossos passos, doravante.
Nestes dias de festas materiais e/ou lembranças do sofrimento do Rabi, possamos nós encarar a Páscoa como o momento de transformação, a Vera evocação de liberdade, pois, uma vez despojado do envoltório corporal, pôde Jesus retornar ao Plano Espiritual para, de lá, continuar “coordenando” o processo depurativo de nosso orbe. Longe da remissão da celebração de uma festa pastoral ou agrícola, ou da libertação de um povo oprimido, ou da ressurreição de Jesus, possa ela ser encarada por nós, espíritas, como a vitória real da vida sobre a morte, pela certeza da imortalidade e da reencarnação, porque a vida, em essência, só pode ser conceituada como o amor, calcado nos grandes exemplos da própria existência de Jesus, de amor ao próximo e de valorização da própria vida.
Nesta Páscoa, assim, quando estiveres junto aos teus mais caros, lembra-te de reverenciar os belos exemplos de Jesus, que o imortalizam e que nos guiam para, um dia, também estarmos na condição experimentada por ele, qual seja a de “sermos deuses”, “fazendo brilhar a nossa luz”. Comemore, então, meu amigo, uma “outra” Páscoa. A sua Páscoa, a da sua transformação, rumo a uma vida plena.

domingo, 17 de abril de 2011

 
A Doutrina Espírita
Em 18 de abril de 1857, Allan Kardec lançava o Livro dos Espíritos. Nascia aí a Doutrina Espírita. Sua particularidade era anunciar ao mundo de que a morte não era o fim, os homens nasceriam e morreriam quantas vezes fossem necessárias para se chegar a perfeição.
O Espiritismo é o Consolador prometido por Jesus, os seus princípios, bem como, conduta, são paltados pela codificação Kardequiana, O Livro dos Espíritos, O livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Infeno e A Gênese.
Ele vem  responder a uma pergunta dos homens, quem somos, de onde viemos e para onde vamos? Na codificação de Kardec esta resposta fica clara, pois dá-se conta de qual é o papel dos seres.
A certeza do que é Deus nos fica evidente na resposta dada pelos espíritos apergunta do codificador: "Deus é inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
A Doutrina Espírita tem como preceito de que a sua prática não pode ser remunerada, ajudar aos outros e não fazer disse uma profissão, porque se de graças receberam, assim deve-se dar, não há no Espiritismo nenhum culto externo, ritos, imagens, nada além da fé o do pensamento elevado, também não se registra o sacerdócio, portanto não se realiza sacramentos como em outras religiões.
Nas Escrituras Sagradas podemos encontrar passagens que comprovam que a vida não começa no berço e nem termina no túmulo, pois o velho testamento está recheado de comunicações entre os desencarnados e os desencarnados. É inigável a existência de um mundo espiritual, como, igualmente o é a comunicação com ele, Jesus falava de que era necessário nascer de novo, porque o que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é espírito e ele e alguns de seus discípolos viram e ouviram a Moises e Elias, portanto, eles estavam vivos, apenas seus corpos sucumbiram, pois eram matéria orgânica.
A prática da caridade é uma das marcas que identifica o praticante dessa doutrina de luz, de caráter essencialmente cristão, a doutrina Espírita respeita o livre-arbítrio do homem e prega a sua reforma íntima rumo a perfeição e aí está o nascer e o renascer, ter a existência física como um laboratório, no qual se utiliza para depurar a alma, corrigir erros, e assim, retornar quantas vezes forem necessárias.
Com o surgimento dessa doutrina a vida começou a ter sentido, pois somos espíritos de diversas ordens, somos inferiores ou superiores e Deus, na sua infinita justiça, jamais criaria um espírito feliz e outro imerso na maldade para depois condená-lo a um inferno de onde nunca mais sairá, tudo que o homem é, é fruto da sua própria liberdade de ação, ele escolhe a sua trilha, mas todos aprenderemos um dia e seremos perfeitos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pequeno vídeo alertando sobre a prudência que devemos ter, enquanto espíritas, com relação aos livros, artigos, sites e revistas espíritas disponíveis. Principalmente aquilo que se refira à "novidades".

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cartas de Luz - Histórias Curtas
O jornalista e apresentador de TV, Jorge Alberto Mendes Ribeiro e sua relação com o Espiritismo através do médium Divaldo Franco. O médium, durante uma entrevista de rádio para Mendes Ribeiro, psicografou uma mensagem assinada pelo avô de Mendes que também era espírita. Num outro momento o jornalista recebeu outra mensagem com dados que resolviam uma questão judicial que se arrastava há 20 anos. Direção de Claudinho Pereira e participação dos atores Fernando Kike Barbosa e Jorge Martins. Roteiro de Tailor Diniz, fotografia de Pablo Escajedo e arte de Adriana Borba.

A série estreia dia 16/4, depois do Jornal do Almoço, no Curtas Gaúchos.  Não perca!

Clic RBS

segunda-feira, 11 de abril de 2011

  Trabalho em Grupo

Dentre vários requisitos recomendáveis para o sucesso de um grupo de trabalho gostamos de destacar a HUMILDADE, DISCIPLINA E A UNIÃO. Quando chegamos para o trabalho com Jesus os nossos títulos, posição social e nível cultural devem dar lugar a boa vontade de servir, aprender e conviver fraternalmente sem a pretensão de escolher tarefas, aceitando com humildade as que nos são oferecidas e trabalhar com muita dedicação. Lembrando André Luiz: “Quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece’’.
Receber as pessoas no grupo como elas são, ou seja, acolhendo-as no trabalho com suas virtudes, defeitos e deficiências é uma demonstração sincera de humildade, pois sabemos que o próprio trabalho, os conhecimentos, as orientações e a troca de experiências com as outras pessoas do grupo, permitirão a integração dos novos companheiros.
Necessário se faz o cuidado com a “ empolgação inicial ” quando abraçamos um trabalho. Cabe a liderança do grupo a orientação neste sentido pois ocorre, às vezes, um início muito empolgado com muitas tarefas e, com o passar do tempo, verificamos que dividimos mal o nosso tempo esquecendo a necessidade da nossa presença e participação na família, na escola, no lazer e no trabalho que garante o nosso sustento.
Com a disciplina vamos aprender a importância da hierarquia e, a obediência das normas estabelecidas, que orientam os procedimentos e os comportamentos, levará o grupo a alcançar resultados de qualidade e a continuidade do trabalho.
O livro Diálogo com as Sombras nos alerta para os difíceis aspectos da adaptação e convivência no grupo em função dos sentimentos de simpatia e antipatia, em especial o ciúme, mostrando que a decisão de se afastar alguém do trabalho é uma tarefa delicada e que devemos tomar muito cuidado para que não haja precipitação nem personalismo autoritário na decisão final, devedo, sempre, buscar um consenso pois, muita das vezes, uma pessoa não está correspondendo porque está passando momentos complicados na sua vida, mas o que ela já fez e a sua dedicação devem ser lembrados e considerados.
A prática da tolerância, sem conivência, é fundamental e que não nos esqueçamos uma lição de liderança de João, O Evangelhista, quando alertou que a indisciplina tem o seu início no instante que começa a “brotar” a insatisfação em um ou mais elementos do grupo.
A união no grupo faz superar muitas dificuldades que sempre aparecem e cabe àqueles que tem mais conhecimento e experiência ajudar os que tem menos. Unidos, os participantes de um grupo terão sempre com eles a presença da motivação, ingrediente indispensável no resultado do trabalho.
Termino esta mensagem lembrando que nós, trabalhadores da última hora, que já lemos ou ouvimos esta lição, devemos estar sempre atentos pois retornar ao “banco da praça” é muito triste e um temível adversário dos trabalhadores do bem, o desânimo, está sempre querendo, através da discórdia e da desarmonia levar o trabalhador de Jesus a desistência.
Trabalhando, então, com humildade, disciplina e união voltamos a lembrar André Luiz em mais um alerta para nós: “Nenhum trabalho do BEM será realizado sem dificuldades”.
Muita Paz.
(Autor: José Inácio)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ideias de Kardec sobre a Unificação no Movimento Espírita

Marcelo Mota
Janeiro de 1868. Allan Kardec publica, sob grande expectativa, a obra A Gênese. Estava concluída a Codificação da nascente Doutrina dos Espíritos. Entretanto, perscrutando os escritos do Codificador, parece-nos que sua atenção como que muda de direção nos dois últimos anos de sua existência.

A Doutrina está formulada em seus aspectos fundamentais; mas, e quanto ao Movimento que dela certamente surgiria? Tanto é verdade que o próprio Kardec afirma que “dois elementos hão de concorrer para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de a popularizar”.2 E ainda confessa: “sempre nos preocupamos com o futuro do Espiritismo”.3 É provável que esta preocupação tenha ganhado força, pois anos antes recebera dos Espíritos superiores uma revelação sobre a Missão do Espiritismo, quando afirmaram que “ele faz que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses”.4

Urgia, pois, que Allan Kardec dedicasse seus últimos dois anos aqui na Terra a planos e projetos que norteassem de forma segura os continuadores de sua obra. Grande parte desse legado sobre o Movimento Espírita, Kardec deixou em escritos isolados que foram reunidos por seus familiares e amigos em Obras Póstumas, publicada em janeiro de 1890. Apesar de seus 120 anos de existência, é ainda uma desconhecida entre nós, trabalhadores da Seara Espírita. A fim de prestarmos singela homenagem, traremos aqui pequena amostra da riqueza de informações que reúne em suas páginas. Veremos que as ações atuais do Movimento Espírita, reunidas sob o estandarte da Unificação, surgiram na mente do próprio mestre lionês.

Elas constam, em grande parte, no que ele denominou de “Projeto 1868”. Suas expectativas quanto ao Movimento Espírita ficam claras quando confessa que “um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade”.2 Preocupado com o estudo espírita, Kardec menciona no referido Projeto que “um curso regular de Espiritismo seria professado com o fim de [...] difundir o gosto pelos estudos sérios”.5 E continua, asseverando que “esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios”.

5 Ora, mas não seria a mesma unidade a que aludimos anteriormente e cuja falta acarretaria em “um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina”?2 Como se não bastasse, o Codificador finaliza dizendo que esse curso deverá “exercer capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suas consequências”.5 Se há uma missão futura a ser desempenhada pelo Espiritismo, esta dependerá deste curso.Na atualidade, encontramos o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE), arranjado e organizado numa estrutura lógica que favorece o aprendizado. Coube à Federação Espírita Brasileira (FEB), na reunião anual do Conselho Federativo Nacional (CFN), de novembro de 1983, fazer o lançamento da Campanha Nacional do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita.6

Em seguida, Kardec afirma que uma publicidade em larga escala [...] levaria ao mundo inteiro, até às localidades mais distantes, o conhecimento das ideias espíritas, despertaria o desejo de aprofundá- as e, multiplicando-lhes os adeptos, imporia silêncio aos detratores [...].7

Em seu esforço na criação da Revista Espírita, nem imaginava as dimensões que tomaria a divulgação da Doutrina.Hoje vemos o Espiritismo alcançar os quatro cantos do planeta.As páginas de Reformador contam não apenas com a firmeza de seu conteúdo, mas também com a excelente qualidade gráfica com que a revista é feita. Alcança todos os cantos do país e é remetida também para o Exterior.

Além disso, um veículo como a TVCEI cumpre à risca os planos de Kardec, pois começa a transmitir programas feitos inteiramente nos idiomas de diversas nações. Em auxílio a este extenso programa de difusão, vem o ininterrupto apoio do Esperanto, a Língua Internacional Neutra, para a qual já foram vertidas inúmeras obras espíritas, que praticamente levaram o Consolador a diversas nações, em especial às do Leste Europeu.

Outro aspecto é contemplado por Kardec: acompanhar de perto o Movimento Espírita local. Para isso, idealiza as viagens espíritas.

Diz-nos o mestre lionês que “dois ou três meses do ano seriam consagrados a viagens, em visita aos diferentes centros e a lhes imprimir boa direção”.8 Confessamos que nossa primeira lembrança foram as reuniões promovidas pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, tanto as que são realizadas em âmbito nacional como em nível regional (Comissões Regionais). Mas em muitos estados brasileiros têm sido realizados encontros semelhantes, reunindo as instituições espíritas daquelas mesmas localidades, normalmente orientados pelas Entidades Federativas Estaduais. Kardec vai mais além. Chega a sugerir que, se os recursos o permitissem, instituir-se-ia uma caixa para custear as despesas de viagem de certo número de missionários, esclarecidos e talentosos, que seriam encarregados de espalhar a Doutrina.8

Missionários! Não há palavra para melhor descrever Arthur Lins de Vasconcellos, Carlos Jordão da Silva, Francisco Spinelli, Ary Casadio, Leopoldo Machado e Luiz Burgos Filho.Afinal, foram eles os continuadores desta outra ideia de Kardec: os Caravaneiros da Fraternidade. Empreenderam há 60 anosuma nova forma de levar a segurança doutrinária sob a égide da Unificação aos quatro cantos do País. Que venham novos caravaneiros, do Brasil e do mundo! Unificação. Sua prática parece utópica. Sobre o tema Dr. Bezerra vem nos trazer sua palavra forte, porém fraterna, dizendo que a tarefa da unificação é paulatina; a tarefa da união é imediata, enquanto a tarefa do trabalho é incessante, porque jamais terminaremos o serviço, desde que somos servos imperfeitos, e fazemos apenas a parte que nos está confiada.9

Tenhamos a paciência que nos recomenda Bezerra, mas não deixemos o labor. E lembremos sempre de voltar nossos olhares para a fonte clássica e generosa do manancial doutrinário: a Codificação! Ousaríamos dizer mesmo que é a própria “crestomatia” da Doutrina Consoladora, a mãe de toda literatura espírita. ESDE, Reformador, TVCEI, trabalho federativo, caravanas da fraternidade.

Há muito que fazer. Divulguemos isto e sejamos servidores fiéis à tarefa! Honremos os ideais de Allan Kardec e, por consequência, do próprio Jesus! Relembrando uma vez mais o Codificador, diremos uns aos outros, companheiros deste ideal nobre: “Não vos apresseis, amigos.

[...] deixai que falem os dissidentes [...]”.10 Porque, como nos adverte um dos maiores mentores do nascente Movimento Espírita, o Espírito Erasto, os espíritas que se acham no bom caminho serão reconhecidos “pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão”.11

Referências:

1KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. Guillon Ribeiro. 40. ed. 2. reimp. (atualizada).Rio de Janeiro: FEB, 2010. P. 2, A minha primeira iniciação no espiritismo, item Futuro do espiritismo, p. 330.
2______. ______. P. 2, Projeto 1868, p.373-374.
3______. ______. P. 2, Constituição doespiritismo, § 1 – Considerações preliminares, p. 381.
4______. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 799.
5______. Obras póstumas. Trad. Guillon Ribeiro. 40. ed. 2. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010. P. 2, Projeto 1868, item Ensino espírita.
6 ROCHA, Cecília. (Organizadora). Estudo sistematizado da doutrina espírita: programa fundamental. 2. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. T. 1, Apresentação.
7 KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. Guillon Ribeiro. 40. ed. 2. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010. P. 2, Projeto 1868, item Publicidade.
8______. ______. P. 2, Projeto 1868, item Viagens.
9 FRANCO, Divaldo P. Unificação paulatina, união imediata, trabalho incessante.... Pelo Espírito Bezerra de Menezes. In: Reformador, ano 94, n. 1.763, p. 19(43), fev. 1976. Ver também: EQUIPE FEB (Coordenação de SOUZA, Juvanir Borges de). Bezerra de Menezes – ontem e hoje. 4. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. p. 156.
10 KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. Guillon Ribeiro. 40. ed. 2. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010. P. 2, A minha primeira iniciação no espiritismo, item Marcha gradativa do espiritismo. Dissidências e obstáculos, p. 362-363.
11______. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 20, item 4, p. 355.